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O PSDB, passado, presente e futuro
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O PSDB, passado, presente e futuro

O PSDB organiza uma espécie de renascimento. Em especial na perspectiva cearense, onde já foi o maior partido, com mais prefeitos, mais vereadores e mais deputados
Tipo Opinião
0904gualter (Foto: carlus campos)
Foto: carlus campos 0904gualter

O PSDB organiza uma espécie de renascimento. Em especial na perspectiva cearense, onde já foi o partido a ser batido, o maior, com mais prefeitos, mais vereadores, mais deputados etc, além do comando firme da política local que era exercida por um grupo que tinha à frente Tasso Jereissati. Os tempos são outros, há personagens novos no jogo e o Tasso de hoje já não é aquele de antes, o que faz uma diferença brutal para a briga de sempre pelo poder.

No entanto, é este mesmo Tasso Jereissati que comanda o esforço de renovação tucana, décadas depois do auge de exercício de poder e após finalizar um segundo mandato de senador num contexto em que demonstrou pouca influência na decisão de voto do cearense na histórica disputa eleitoral de 2022. Foi ele o responsável direto pelo convite de filiação ao vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, e, ainda presidente da executiva estadual neste momento, lhe cabe liderar outras conversas que buscam injetar sangue novo numa sigla que envelheceu mal. Aqui e no plano nacional, como demonstram as últimas performances nas urnas.

Aposta-se muito nas perspectivas de futuro do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que hoje comanda a executiva nacional e chegou a ensaiar, ano passado, uma candidatura à Presidência. Jovem, cheio de ideias modernas, uma síntese pessoal do que os tempos atuais exigem, a começar pela homossexualidade assumida de maneira corajosa e transparente, ele fracassou na ideia de furar a polarização que levou Lula e Bolsonaro a ocuparem quase todos os espaços da última disputa presidencial, mas, acabaria vitorioso no projeto de última hora de voltar ao comando do Palácio do Governo gaúcho, de onde movimenta-se agora no sentido de reorganizar sua caminhada nacional.

Tasso é entusiasta do projeto Eduardo Leite, entende que ele tem o perfil ideal para o comando de um choque político na intensidade que o PSDB está a exigir, mas, no plano estadual, parece enfrentar um desafio maior. O partido ainda não tem um espaço claro na política cearense, critica o início da gestão do petista Elmano de Freitas, sem que isso dê clareza a uma postura oposicionista, e, pior, não dispõe, objetivamente, de força suficiente para incomodar o governante de plantão. Faltam tucanos nas Câmaras de Vereadores, na Assembleia e nas bancadas cearenses no Congresso.

Não é um dado qualquer. Trata-se, recorramos à memória, daquele partido que um tempo atrás saia das urnas com todas as vagas ao senador em disputa em seu poder, com uma bancada estadual de 18 deputados eleitos e com filiados seus ocupando 10 das 22 vagas disponíveis para os representantes cearenses na Câmara Federal. Aconteceu em 1998, para citar uma situação concreta, valendo ainda o registro de que, na ocasião, Tasso conquistava reeleição como candidato a governador, num tranquilo primeiro turno e com 62% dos votos.

Élcio Batista, que se prepara para suceder Tasso Jereissati na presidência do PSDB cearense ainda em 2023, sabe bem que uma realidade bastante diferente o aguarda. É marca principal do momento a falta de força numérica e inexistência de unidade interna, o que lhe impõe o desafio de correr em duas frentes simultâneas para organizar as coisas na perspectiva de chegar à próxima temporada eleitoral, já no ano que vem, mais próximo do passado de glórias do que desse presente de incertezas que ele herdará.

O dia 12 terá fuso chinês

Por uma infeliz (não sei pra quem) coincidência, Elmano de Freitas passará longe dos conterrâneos o seu primeiro aniversário desde que sentou na cadeira de governador do Ceará. Como integrante da comitiva do presidente Lula, acordará na China no dia 12, quinta-feira próxima, data em que chegará aos 53 anos, ou seja, quem por aqui pensava em disputar o direito de ser o primeiro a cumprimentá-lo, achando que isso soma pontos no coração do governante, vai ter que ajustar os fusos para saber como será possível puxar a fila. Pelo menos no registro dos contatos telefônicos.

A motivação de Luizianne

Quem anda muito feliz e atuante com o novo papel que o partido lhe garantiu na Câmara é a deputada federal cearense Luizianne Lins (PT). Ainda mais depois de reforçar sua intenção de ampliar o raio de ação da Comissão de Direitos Humanos, que agora preside, fortalecendo mais ainda a defesa das minorias e a luta pela igualdade racial. Agenda absolutamente moderna, das que mais mobilizam a sociedade nos dias atuais e, claro, que tendem a jogar holofotes ainda mais destacados no núcleo parlamentar. O que significa também, por outro lado, que vai exigir muito do estilo aguerrido, sua marca principal, para batalhas ainda maiores que estão por vir.

A turma do "filtro"

Lideranças políticas do Cariri falam de um incômodo, já, de prefeitos da região com o que se considera atenção abaixo da esperada da parte do Palácio da Abolição. O problema nem seria do governador Elmano de Freitas (PT), na verdade, mas de parlamentares aliados, que a coluna não conseguiu identificar, que estariam tentando estabelecer uma blindagem para que as demandas sejam encaminhadas apenas através deles. Uma forma politicamente inteligente, reconheça-se, de acumular prestígio nas duas pontas do processo, mas o risco é de gerar problemas de fluxo que gerem insatisfações em ambas. O que vier, de bom ou de ruim, será em dobro.

Sobral não é Fortaleza

O PT estadual tenta falar grosso em Fortaleza, onde lideranças como o influente deputado federal José Guimarães reafirmam quase todo dia que a intenção é de lançar candidatura própria à prefeitura, mas, em relação a outros municípios estratégicos a coisa começa a ganhar um tom de "veja bem.." É o caso de Sobral, onde a intenção de ir à luta pela sucessão do prefeito pedetista Ivo Gomes com a petista Christiane Coelho, atual vice, começa a balançar como convicção de que se trata da melhor decisão a tomar. O argumento agora considerado é que não cabem atitudes provocadoras em relação aos Ferreira Gomes, especialmente aos irmãos Cid e Ivo.

Duas opções, nenhuma boa

No esperado depoimento à Polícia Federal, que aconteceu na semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que veio a tomar conhecimento do episódio de apreensão das milionárias joias endereçadas por autoridades da Arábia Saudita, às quais diz ter conquistado com sua simpatia (captem a ironia, por favor), somente um ano depois dele ter acontecido. Resta saber então: era ele um presidente de fachada, que o seu entorno ficava despachando documentos e decisões em seu nome para reaver os presentes, conforme farta documentação disponível relacionada ao período em que ele afirma que de nada sabia? Ou é ele, simplesmente, um mentiroso?

A OAB e os convites

Semana passada, a coluna falou de um clima de insatisfação entre advogados diante do rigor observado pela OAB no acesso à festa pelos 90 anos da seccional cearense, que aconteceu dia 30 de março, no Theatro José de Alencar. Reclamou-se, até, de gente ter sido barrada. A entidade encaminhou nota oficial negando tudo e, inclusive, informando que o evento "foi aberto a todos os advogados, ao público e imprensa". Conforme o esclarecimento, "embora tenham sido confeccionados convites físicos, os mesmos foram utilizados tão somente para envio às autoridades dos poderes legislativo, executivo e judiciário, componentes da gestão da Ordem e outras instituições, no propósito de formalização da data solene"

 

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