
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O PSDB organiza uma espécie de renascimento. Em especial na perspectiva cearense, onde já foi o partido a ser batido, o maior, com mais prefeitos, mais vereadores, mais deputados etc, além do comando firme da política local que era exercida por um grupo que tinha à frente Tasso Jereissati. Os tempos são outros, há personagens novos no jogo e o Tasso de hoje já não é aquele de antes, o que faz uma diferença brutal para a briga de sempre pelo poder.
No entanto, é este mesmo Tasso Jereissati que comanda o esforço de renovação tucana, décadas depois do auge de exercício de poder e após finalizar um segundo mandato de senador num contexto em que demonstrou pouca influência na decisão de voto do cearense na histórica disputa eleitoral de 2022. Foi ele o responsável direto pelo convite de filiação ao vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, e, ainda presidente da executiva estadual neste momento, lhe cabe liderar outras conversas que buscam injetar sangue novo numa sigla que envelheceu mal. Aqui e no plano nacional, como demonstram as últimas performances nas urnas.
Aposta-se muito nas perspectivas de futuro do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que hoje comanda a executiva nacional e chegou a ensaiar, ano passado, uma candidatura à Presidência. Jovem, cheio de ideias modernas, uma síntese pessoal do que os tempos atuais exigem, a começar pela homossexualidade assumida de maneira corajosa e transparente, ele fracassou na ideia de furar a polarização que levou Lula e Bolsonaro a ocuparem quase todos os espaços da última disputa presidencial, mas, acabaria vitorioso no projeto de última hora de voltar ao comando do Palácio do Governo gaúcho, de onde movimenta-se agora no sentido de reorganizar sua caminhada nacional.
Tasso é entusiasta do projeto Eduardo Leite, entende que ele tem o perfil ideal para o comando de um choque político na intensidade que o PSDB está a exigir, mas, no plano estadual, parece enfrentar um desafio maior. O partido ainda não tem um espaço claro na política cearense, critica o início da gestão do petista Elmano de Freitas, sem que isso dê clareza a uma postura oposicionista, e, pior, não dispõe, objetivamente, de força suficiente para incomodar o governante de plantão. Faltam tucanos nas Câmaras de Vereadores, na Assembleia e nas bancadas cearenses no Congresso.
Não é um dado qualquer. Trata-se, recorramos à memória, daquele partido que um tempo atrás saia das urnas com todas as vagas ao senador em disputa em seu poder, com uma bancada estadual de 18 deputados eleitos e com filiados seus ocupando 10 das 22 vagas disponíveis para os representantes cearenses na Câmara Federal. Aconteceu em 1998, para citar uma situação concreta, valendo ainda o registro de que, na ocasião, Tasso conquistava reeleição como candidato a governador, num tranquilo primeiro turno e com 62% dos votos.
Élcio Batista, que se prepara para suceder Tasso Jereissati na presidência do PSDB cearense ainda em 2023, sabe bem que uma realidade bastante diferente o aguarda. É marca principal do momento a falta de força numérica e inexistência de unidade interna, o que lhe impõe o desafio de correr em duas frentes simultâneas para organizar as coisas na perspectiva de chegar à próxima temporada eleitoral, já no ano que vem, mais próximo do passado de glórias do que desse presente de incertezas que ele herdará.
Por uma infeliz (não sei pra quem) coincidência, Elmano de Freitas passará longe dos conterrâneos o seu primeiro aniversário desde que sentou na cadeira de governador do Ceará. Como integrante da comitiva do presidente Lula, acordará na China no dia 12, quinta-feira próxima, data em que chegará aos 53 anos, ou seja, quem por aqui pensava em disputar o direito de ser o primeiro a cumprimentá-lo, achando que isso soma pontos no coração do governante, vai ter que ajustar os fusos para saber como será possível puxar a fila. Pelo menos no registro dos contatos telefônicos.
Quem anda muito feliz e atuante com o novo papel que o partido lhe garantiu na Câmara é a deputada federal cearense Luizianne Lins (PT). Ainda mais depois de reforçar sua intenção de ampliar o raio de ação da Comissão de Direitos Humanos, que agora preside, fortalecendo mais ainda a defesa das minorias e a luta pela igualdade racial. Agenda absolutamente moderna, das que mais mobilizam a sociedade nos dias atuais e, claro, que tendem a jogar holofotes ainda mais destacados no núcleo parlamentar. O que significa também, por outro lado, que vai exigir muito do estilo aguerrido, sua marca principal, para batalhas ainda maiores que estão por vir.
Lideranças políticas do Cariri falam de um incômodo, já, de prefeitos da região com o que se considera atenção abaixo da esperada da parte do Palácio da Abolição. O problema nem seria do governador Elmano de Freitas (PT), na verdade, mas de parlamentares aliados, que a coluna não conseguiu identificar, que estariam tentando estabelecer uma blindagem para que as demandas sejam encaminhadas apenas através deles. Uma forma politicamente inteligente, reconheça-se, de acumular prestígio nas duas pontas do processo, mas o risco é de gerar problemas de fluxo que gerem insatisfações em ambas. O que vier, de bom ou de ruim, será em dobro.
O PT estadual tenta falar grosso em Fortaleza, onde lideranças como o influente deputado federal José Guimarães reafirmam quase todo dia que a intenção é de lançar candidatura própria à prefeitura, mas, em relação a outros municípios estratégicos a coisa começa a ganhar um tom de "veja bem.." É o caso de Sobral, onde a intenção de ir à luta pela sucessão do prefeito pedetista Ivo Gomes com a petista Christiane Coelho, atual vice, começa a balançar como convicção de que se trata da melhor decisão a tomar. O argumento agora considerado é que não cabem atitudes provocadoras em relação aos Ferreira Gomes, especialmente aos irmãos Cid e Ivo.
No esperado depoimento à Polícia Federal, que aconteceu na semana, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse que veio a tomar conhecimento do episódio de apreensão das milionárias joias endereçadas por autoridades da Arábia Saudita, às quais diz ter conquistado com sua simpatia (captem a ironia, por favor), somente um ano depois dele ter acontecido. Resta saber então: era ele um presidente de fachada, que o seu entorno ficava despachando documentos e decisões em seu nome para reaver os presentes, conforme farta documentação disponível relacionada ao período em que ele afirma que de nada sabia? Ou é ele, simplesmente, um mentiroso?
Semana passada, a coluna falou de um clima de insatisfação entre advogados diante do rigor observado pela OAB no acesso à festa pelos 90 anos da seccional cearense, que aconteceu dia 30 de março, no Theatro José de Alencar. Reclamou-se, até, de gente ter sido barrada. A entidade encaminhou nota oficial negando tudo e, inclusive, informando que o evento "foi aberto a todos os advogados, ao público e imprensa". Conforme o esclarecimento, "embora tenham sido confeccionados convites físicos, os mesmos foram utilizados tão somente para envio às autoridades dos poderes legislativo, executivo e judiciário, componentes da gestão da Ordem e outras instituições, no propósito de formalização da data solene"
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