
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Antônio Câmara é um dos homens públicos que mais me impressionou, particularmente, nesse longo tempo de acompanhamento das coisas na política do Ceará. Era dono de um estilo direto, que não usava duas palavras quando uma bastava para seu recado chegar ao interlocutor, ao mesmo tempo, sem qualquer contradição nisso, em que também nunca o vi adotando uma postura espalhafatosa como meio de marcar posição.
É fácil escrever sobre isso agora porque, ainda bem, tive oportunidade de dizer-lhe pessoalmente na última oportunidade em que tivemos juntos, quando fui ao seu apartamento entrevistá-lo para, talvez, a última grande entrevista que concedeu, de mergulho na história e em suas memórias. Isso aconteceu anos atrás, em 2014.
O que ficou marcado para mim, naquele contato de algumas horas que tivemos, é que a idade, o tempo e outras questões pessoais não haviam afetado o núcleo principal de como enxergava o mundo o experiente político com origem e atuação nos Inhamuns, ligado a um ramo político que hoje é tocado por Domingos Filho e família.
Arrependimento sobre atitudes e comportamentos da época em que brilhou como referência de contraponto ao então poderoso Tasso Jereissati, por exemplo, não há (ou havia) nenhum.
Por mais que sua visão quanto a alguns caminhos adotados por Tasso até tenham mudado, fazendo-o mais compreensível depois de analisar melhor os desdobramentos, os pensamentos básicos sobre as situações vivenciadas eram de uma coerência comovente.
Quando conversamos já tinha tempo bastante de distância da política, estaria à vontade para autocríticas e recuos, mas sua única disposição era sempre de explicar o porquê de cada ação ou movimento adotado lá atrás, quando era personagem fundamental para o que acontecia ou deixava de acontecer no Ceará.
Em relação à morte de Antônio Câmara, uma pessoa pública difícil até de decifrar quando se tenta moldar seu perfil dentro de um mundo em que quem não é conservador deve ser definido como progressista, ou vice-versa, cabe, sem medo de desgaste, a conclusão de que abre-se um vácuo difícil de ser preenchido.
A falta de sua inteligência política começou a ser sentida ainda com ele em vida, a partir de uma decisão pessoal de se afastar das disputas e das eleições, mas crescerá muito de importância agora que seus conselhos também não estarão ao alcance.
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