
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Há situações que ganham corpo no debate político, às vezes, sem fundamentos reais para que isso aconteça. Estranhamente, para mim, começou-se a falar com mais insistência na possibilidade de um movimento que, em Fortaleza, poderia levar à troca de candidatura pelo PDT, abrindo-se mão de uma tentativa de reeleição do prefeito José Sarto para substituí-lo na chapa pelo antecessor Roberto Cláudio, cuja passagem de oito anos pelo cargo deixou marcas positivas até hoje destacadas. Quem está apto a falar sobre o assunto garante que a hipótese disso acontecer é próxima de zero.
Uma das negativas mais enfáticas que a coluna conseguiu, buscando alguns dos pedetistas que parecem autorizados a falar com autoridade sobre o assunto, parte do deputado federal, e presidente da executiva estadual, André Figueiredo. "Sarto será o nosso candidato em Fortaleza e ponto final", diz ele, argumentando, inclusive, que a decisão atende a um critério de justiça. "Ele está fazendo uma grande gestão, especialmente nos últimos dois anos, trabalhando da Aldeota ao Pirambu". É um cálculo eleitoral, portanto, que dá segurança à decisão tomada e definitiva, diz o dirigente, de buscar a reeleição em Fortaleza.
De fato, percebe-se que a estratégia pedetista parece muito bem acertada a essa altura e qualquer coisa que não fosse uma campanha pela continuação de Sarto na cadeira prefeitural imporia, inclusive, uma mudança de rumos difícil até de ser administrada politicamente. Abrir mão de apresentar o prefeito atual como candidato à continuação, de início, representaria uma espécie de atestado de reprovação do trabalho que ele vem realizando.
Admita-se, talvez sem o mesmo entusiasmo de André Figueiredo, que ele nem de longe comanda uma administração problemática ou rejeitada pelo fortalezense, mesmo que dentro do próprio PDT alguns apontem como problema que nem sempre o morador consegue vincular, no caso, o gestor à gestão, o feito ao feitor. Traduzindo, Sarto pode não estar conseguindo colar à sua imagem o que a população considera que tenha acontecido de bom nos últimos três anos e meio na cidade. Há um entendimento de que trata-se de um embaraço resolvível através de uma comunicação eficiente na campanha eleitoral, com a massificação informativa que o período permite.
Para ser exatamente honesto com o resultado das várias conversas dos últimos dias, a maioria delas com gente que preferiu off, o sentimento predominante é mesmo de apoio à candidatura de José Sarto. No entanto, admite-se que a ideia de substituição de vez em quando aparece e circula, em geral sugerindo o nome de Roberto Cláudio como a solução ideal. Sem que o ex-prefeito emita um só sinal de que teria disposição para empreitada, ao contrário, colocando-se o tempo todo de prontidão para usar todo o prestígio de que ainda dispõe junto ao fortalezense (e que não é pouco) em favor do esforço de garantir mais quatro anos para o atual prefeito. Talvez o mais urgente no PDT seja encontrar um meio de fazer frear as especulações, internas e externas.
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O Tribunal de Contas do Estado (TCE) está prestes a enfrentar sua primeira temporada efetiva de convivência com uma campanha municipal nas ruas desde quando assumiu também a responsabilidade de acompanhar e julgar a contabilidade das prefeituras no Ceará. Lembremos que em 2020 ainda estávamos em tempos de pandemia e, por uma contigência de momento, a situação acabou sendo mais calma para as instâncias que de alguma forma atuavam (e atuam) respaldando a idoneidade das candidaturas e, caso do TCE, dos gestores públicos. Apesar de ser uma situação nova, como admite, o presidente Roldhen Queiroz garante que está tudo pronto e que, naquilo que depender do órgão que comanda, teremos eleições tranquilas em 2024. No momento, trabalha-se na elaboração da esperada lista dos fichas sujas, os gestores que aparecem com prestações de contas rejeitadas.
O tempo passa e vai ficando claro que, conforme estava desenhado, o tema do lixo ocupará espaço de destaque no debate eleitoral de 2024 em Fortaleza. Muito em função do esforço que certamente farão os adversários do prefeito José Sarto (PDT) de destacar sua assinatura na criação da demonizada Taxa do Lixo. No momento, o mais empenhado em cravar a pauta é o pré-candidato do PT, Evandro Leitão, que registra a existência de 1.200 pontos de lixo na cidade e se compromete com o esforço de acabar com todos eles. O contra-ataque pedetista, através do vereador Gardel Rolim, presidente da Câmara, veio um tanto ruim ao lembrar da longínqua gestão de Maria Luiza, lá no período 1986-1988, para atingir Leitão e seu entorno. Convenhamos, será necessário algo que exija menos da memória ou da leitura do fortalezense para gerar desgaste para o petismo.
É ver como reagirá o governo da Argentina quando chegar à sua mesa o pedido das autoridades brasileiras, especulando-se que isso deva acontecer ao longo da semana que hoje começa, para que se mande de volta os nossos cidadãos que lá buscaram abrigo, alguns depois de quebrarem tornozeleiras eletrônicas que os mantinham sob monitoramento em investigação sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023 no que está sendo apontado como tentativa de golpe de Estado. Havia uma tendência de negativa ou, pelo menos, de tentativa de dificultar o acolhimento da solicitação diplomática, mas acontece que na quarta-feira à noite vários argentinos foram presos - até ontem pelo menos 16 permaneciam recolhidos e à disposição da justiça - acusados exatamente de tentativa de golpe de Estado pelo simples fato de estarem protestando nas proximidades do Senado enquanto votação importante acontecia. A ameaça era muito menor, comparados os casos, e os nossos 47 patrícios foragidos, segundo cálculos da PF, podem pagar o preço pela nova situação.
Provedor da Santa Casa de Misericórdia, o abnegado Vladimir Spinelli segue esperançoso de que a articulação recente que fez junto aos políticos apresentará os resultados esperados em termos de mais recursos para manter a instituição com seu trabalho filantrópico e vital para o equilíbrio possível do sistema público de saúde cearense. A conversa com a Assembleia, a partir de uma visita dos deputados estaduais comandada pelo presidente Evandro Leitão (PT), até fluiu concretamente e uma articulação dos parlamentares já fez chegar uma verba de R$ 14,5 milhões, de R$ 16 milhões alocados no orçamento do Ceará. Agora, a bancada federal anda devendo um apoio mais firme e efetivo (nada chegou do que foi prometido e reservado), lembrando-se que o hospital atende prioritariamente ao SUS e, até por isso, registra déficit mensal de R$ 2 milhões. É preciso ser um mágico para manter as coisas funcionando diante desses números, porque apenas entender muito de economia (caso de Spinelli) não basta para pagar as contas.
A médica cearense Maira Pinheiro, uma das vozes bolsonaristas mais eloquentes no Ceará, acusa a esquerda de vir "distorcendo" a intenção real do Projeto de Lei 1904/2024 que teve a urgência aprovada pela Câmara e que equipara a prática do aborto ao crime de homicídio. "O Brasil não vai ser o país do aborto", alega, desconsiderando que, na verdade, a mudança é em relação ao passado e não ao futuro. De qualquer forma, a ex-presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará acusa o que chama de "milícia digital" de gerar a distorção e pede ajuda para enfrentá-la, meio que admitindo que, situação rara, a direita está perdendo o debate nas redes sociais em torno do assunto desde quando a Câmara decidiu colocá-lo em pauta no País ao aprovar uma urgência na tramitação, motivo de muita comemoração para ela. Talvez não imaginasse como seria o(s) dia(s) seguinte(s).
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Meio que definido que será Izolda Cela a candidata da situação à prefeitura de Sobral, pelo PSB do grupo Ferreira Gomes, resta agora especular em relação à vice na chapa. A preferência total é por uma indicação do PT, o que deve acontecer, mas a inexistência de nomes com a qualidade política exigida surge como dificuldade inicial. A atual vice de Ivo Gomes, Cristiane Coelho, está no segundo mandato e a lei impede mais uma experiência no cargo, enquanto a opção inicialmente pensada de Edilson Aragão (que já foi vice de Cid Gomes lá atrás) tornou-se inviável com sua permanência em cargo de confiança que ocupa no Metrofor. Uma lupa foi lançada para ver se é possível localizar alguém que agregue à chapa mais do que uma simples filiação partidária.
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