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O novo mapa político do Ceará é feito de frustrações e euforias
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O novo mapa político do Ceará é feito de frustrações e euforias

Com os números e os dados postos, cabe às correntes atuantes hoje na política cearense fazerem, a partir de agora, uma avaliação do recado que os cearenses deixaram ontem nas urnas, através do voto. Há muita coisa importante por considerar

Os articuladores políticos do PT precisarão abrir o mapa político novo do Ceará que começa a se desenhar, a partir dos municípios, para entender o que aconteceu nesse 6 de outubro de 2024. Parece evidente que, ainda à espera dos resultados finais da etapa do dia 27 próximo, quando haverá segundo turno em Fortaleza e Caucaia e candidatos da sigla estarão na briga em ambos os casos, há muitos resultados frustrantes por exigir explicações.

Juazeiro do Norte, Iguatu e Quixadá são os casos mais emblemáticos, considerando-se o esforço de cúpula que os envolvia para levar os representantes petistas à vitória. No município caririense, mais do que isso, era um projeto vinculado diretamente ao ministro Camilo Santana, responsável principal pela escolha do deputado estadual Fernando Santana como candidato e, até por isso, envolvido nas articulações que levaram à ampla aliança que o apoiava. A derrota dele para Glêdson Bezerra (Podemos), responsável por quebrar uma tradição do eleitor local de nunca reeleger prefeito, é o principal baque imposto ao grupo governista cearense.

Até porque a eleição de Oscar Rodrigues (União Brasil) como prefeito de Sobral, derrotando Izolda Cela (PSB) dói nas forças governistas, também, mas entra com muito mais força na contabilidade política do grupo Ferreira Gomes, neste caso, em especial, dos irmãos Cid e Ivo.

Uma parte da responsabilidade é atribuível ao tempo no poder, perto de 30 anos, e para um problema de “fadiga de material” não existe antídoto eficiente. O que se pode é reduzir seus efeitos, o que até acho que se tentou fazer recorrendo ao nome de Izolda Cela como candidata.

No entanto, há a crise instalada no grupo desde 2022 e o consequente afastamento do terceiro irmão, Ciro, sem que até hoje tenha sido possível um reagrupamento nos moldes anteriores, permitindo um reencontro deles com o que foi sempre a sua principal força: a unidade. Além disso, Ivo Gomes, hoje sentado na cadeira de prefeito, cometeu erros durante a campanha que não houve como consertar, valendo citar a confusão criada em torno da taxa do lixo.

O PDT, que perde sua base principal no Ceará, localizada em Fortaleza nos últimos doze anos, terá uma nova realidade para administrar a partir de janeiro de 2025. Seus líderes principais, com especialidade o ex-prefeito Roberto Cláudio, seu sucessor José Sarto (fora do segundo turno) e o presidente regional André Figueiredo, precisam agora de cabeça fria e de algum tempo de reflexão antes de começarem a missão, talvez, para reencontrarem um caminho aparentemente perdido dois anos atrás, com a derrota eleitoral da época.

Com os números e os dados postos, cabe às correntes políticas, a partir de hoje, fazerem uma avaliação do recado que os cearenses deixaram ontem nas urnas, através do voto. Captando-o e interpretando-o na perspectiva de transformá-lo em ação concreta para o próximo encontro, que já está marcado para 2026.

Foto do Guálter George

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