
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O futuro político do Capitão Wagner está entre as maiores incógnitas que deixa o fim do processo eleitoral de 2024. Há um horizonte diferente à espera dele, consideradas as situações que vivenciou nas experiências anteriores de candidaturas majoritárias, disputando a prefeitura de Fortaleza e o próprio governo do Ceará. Diferente no sentido de mais desafiadora.
Ficar fora do segundo turno na disputa pela prefeitura da capital cearense representa algo insólito para ele, que nas duas tentativas anteriores em Fortaleza deu trabalho para os adversários - Roberto Cláudio e José Sarto pela ordem - até quase o fim da contagem de votos.
Com apenas 45 anos e reconhecidamente dotado de boa inteligência política, Wagner precisará entender o momento inédito, que lhe tira boa parte do protagonismo que até então detinha praticamente só pelo lado dos conservadores. A chegada do jovem André Fernandes com seu status novo muda de maneira profunda o cenário.
Foi um gesto de coerência e fruto de uma leitura correta do quadro inesperado que saiu do primeiro turno a decisão rápida do ex-candidato do União Brasil de anunciar a opção por André Fernandes na fase seguinte da eleição. E levar com ele o conjunto completo de candidatos à Câmara de Vereadores de sua chapa partidária, além de ter participado das conversas que determinaram a inclusão de nomes surpreendentes na aliança em torno do bolsonarista, com destaque para o ex-prefeito Roberto Cláudio. Foi mais do que um simples apoio, portanto.
Fica, agora, uma pergunta fundamental: quais os passos seguintes? A derrota de ontem é um problema, porque parte do capital político do próprio Wagner foi colocado à disposição da candidatura do PL com a decisão de abraçá-la, ou seja, a responsabilidade por ela também irá pra sua conta. Por outro lado, a briga por espaços no campo ideológico que os dois frequentam fica menos desigual, mesmo que André Fernandes tenha naturalmente ampliado sua influência depois da bela performance eleitoral. Houvesse ele conquistado a prefeitura de Fortaleza, no entanto, o desequilíbrio em seu favor seria inevitável para as ações políticas conjuntas que tivessem para frente.
De maneira objetiva, sabe-se pouco dos planos mais imediatos do Capitão Wagner, na perspectiva do que ele pensa para o futuro mais distante. Especulações sobram, inclusive de que esse apoio agora teria a ver com um grande acordo que envolveria, além dele, o grupo bolsonarista (que tem hoje em André Fernandes sua maior expressão local) e aqueles que se organizam em torno do ex-prefeito Roberto Cláudio, resultando numa frente ampla para enfrentar numa chapa de oposição a provável tentativa de reeleição do governador petista Elmano de Freitas. Portanto, as urnas de ontem mal foram recolhidas e as de 2026 começam a ser colocadas na mesa.
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