
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O passeio político da oposição sobre o governo Lula, com as votações de ontem no Congresso, está sendo objeto de interpretações dos analistas na busca das causas e as conclusões são as mais diversas. O ponto comum que se pode apontar é a constatação de que senadores e deputados, basicamente, se valeram de um quadro de baixa popularidade que marca neste momento o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua gestão.
Ok, aceite-se que assim seja. Lula enfrenta, uma pesquisa após a outra, quadro de baixa aceitação ao seu estilo pessoal e ao próprio governo. Portanto, os parlamentares aproveitaram-se um pouco disso para levarem adiante um plano de desgaste que se materializa com uma derrota acachapante, considerando que o total de votos obtidos pelas lideranças governistas na Câmara para votação emblemática da derrubada do veto do IOF, por exemplo, não passou de 98 deputados, dentre 513 possíveis.
Porém, fosse mesmo uma questão de popularidade maior ou menor, como se tenta explicar com boa dose de simplismo, não seria este Congresso que temos o indicado para aplicar uma lição no governo Lula. Fui atrás de pesquisas que indicassem a quantas anda o humor do brasileiro com seu parlamento e os parlamentares e, no que havia de mais recente, encontrei os resultados de um levantamento da AtlasIntel, de fevereiro deste 2025, que capta deputados e senadores bem mal na foto. Bastante pior do que Lula e o governo, por exemplo.
Os números que o instituto obteve, ouvindo 815 pessoas entre 11 e 13 de fevereiro último, apontam 82% delas informando que não confiam no Congresso, Para efeito comparativo, 50% manifestam a mesma desconfiança com o Governo e 47% em relação ao STF. Imaginando-se que faça sentido a ideia de que a votação governista pífia deva ser atrelada à sua falta de apoio popular, um poder ainda menos confiável à mesma população está legitimado politicamente para passar um recado de tal envergadura?
Claro que o Congresso está legalmente autorizado a fazer o que fez, derrubando vetos e um decreto presidencial, coisa rara no cenário político histórico. Este não é um ponto em discussão. O que acontece é que se vivêssemos tempos normais, sem emendas impositivas e coisas esquisitas outras que tornaram a democracia brasileira meio disfuncional, parlamentares com nível tão baixo de apoio não teriam a desenvoltura que apresentam no emparedamento do governo para que seja feita a vontade deles. Algo que tem mais a ver com as tais emendas do que com o zelo pelas contas públicas.
O que acontece, definitivamente, é que não vivemos tempos normais.
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