
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Acho que há notícia boa embutida na operação do dia da Polícia Federal para apurar indícios de desvios com recursos do Orçamento da União. Refiro-me ao caso envolvendo endereços do deputado federal Júnior Mano (PSB-CE), incluindo o gabinete dele na Câmara, e claro que este olhar simpático considera a perspectiva do cidadão/contribuinte, de quem paga a conta. Porque para o político a situação é constrangedora.
O viés positivo da história é que o fato de o parlamentar ser da tal base aliada, de ser um voto com o qual o governo conta no Congresso, e, inclusive, de estar cotado para uma das vagas na chapa majoritária oficial em montagem no Ceará, não parece ter tido efeito sobre a investigação no sentido de paralisá-la ou mesmo de gerar algum retardo no cronograma de medidas necessárias. A ação que os policiais entenderam importante de acontecer agora, aconteceu.
Fato normal, diria aquele mais desavisado. No entanto, quem conhece melhor a mecânica política brasileira, dentro do que marca sua história, sabe que acumulam-se os exemplos nos quais uma pessoa pública procurou a sombra do governo para se proteger das instâncias que poderiam lhe causar dor de cabeça no caso de optarem por cumprir suas tarefas fiscalizatórias. Com êxito em muitas situações, na maioria delas em verdade.
Não dá ainda para dizer que era ideia de Júnior Mano buscar uma blindagem do tipo ao trocar o lado bolsonarista, de onde veio, para se encostar no petismo, vinculando-se ao grupo do aliado e influente Cid Gomes. Seu padrinho principal, aliás, no projeto de fazê-lo candidato ao Senado em 2026.
Certo mesmo é que ocorreu a operação policial, o que era recolhível para análise está em mãos dos investigadores e se percebe um saudável ambiente de independência para que se leve adiante um trabalho que busca provas de que houve desvio com dinheiro público e de que um parlamentar estaria envolvido com ele.
Na nota que fez circular quase que junto com a notícia da batida em seus endereços, Júnior Mano diz confiar nas instituições, em especial a Justiça e a Polícia Federal, e prevê que, ao final, ficará comprovada sua "correção de conduta".
Uma formalidade necessária para o imediato. Quanto às consequências futuras, o deputado do PSB passa a depender de maneira direta dos desdobramentos do que aconteceu hoje para estabelecer a posição na qual estará no processo eleitoral do próximo ano. Aliás, numa perspectiva extrema, o que está por vir tem potencial para definir até se ele estará neste processo
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