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Tarcísio de Freitas entre a vassalagem e a presidência
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Tarcísio de Freitas entre a vassalagem e a presidência

A coisa caminha para exigir que o governador se decida entre a lealdade absoluta a Jair Bolsonaro e a missão que o eleitorado paulista entregou ao elegê-lo em 2022, que é cuidar dos interesses de São Paulo
O candidato a governador Tarcísio de Freitas em escola do Jardim Apolo em São José dos Campos (SP),neste domingo (30). (Foto: WILL DIAS/FUTURA PRESS)
Foto: WILL DIAS/FUTURA PRESS O candidato a governador Tarcísio de Freitas em escola do Jardim Apolo em São José dos Campos (SP),neste domingo (30).

Convenhamos, é desconfortável a situação política atual do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Há pouca dúvida de que seja, hoje, o nome de melhor recepção como alternativa de candidatura à presidência em 2026 para representar as forças políticas mais à direita, juntando desde o segmento dado como moderado até os extremistas reunidos em torno do bolsonarismo. O bloco completo do antipetismo, enfim.

Acontece, porém, que um projeto eleitoral de Tarcísio no próximo ano somente parece viável, nas condições atuais, trazendo para o movimento também o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua capacidade de gerar votos. Demonstrada, aliás, com ele próprio em São Paulo, em 2022, quando sua candidatura ao governo de São Paulo foi inventada e acabou por dar certo, garantindo-lhe a posição de protagonismo na qual se encontra agora.

Feito esse preâmbulo, tente-se entender a pressa que levou Tarcísio de Freitas ao erro político desta quarta-feira à noite de correr a justificar o anúncio de sanções comerciais contra o Brasil, feito pelo presidente Donald Trump, buscando jogar a responsabilidade no governo Lula. Não tem dado certo, mas o governador está escravo de uma situação inevitável para ele, diante da dependência alta que mantém do bolsonarismo e a carrada de votos que leva consigo.

Tivesse ele um pouco mais de autonomia e capacidade de pensar por si, o ideal para sua estratégia seria fazer, sobre o assunto, declarações mais cuidadosas, até meramente formais em determinadas circunstâncias. As maiores perdas com as medidas anunciadas por Trump, caso entrem mesmo em vigor a partir de 1º de agosto, estarão concentadas em São Paulo, estado cujos interesses o atual mandato que exerce lhe obriga a defender.

A coisa caminha para exigir dele que se decida entre Jair Bolsonaro (com aquilo que representa em relação à crise de agora com o governo Trump) e a missão que o eleitorado paulista lhe entregou ao fazê-lo governador, que é cuidar dos interesses do estado. No caso específico, Tarcísio não precisava optar por gestos de agrado ao seu líder político e deveria ter, desde o primeiro momento, sinalizado como prioridade atuar pela reversão da equivocada decisão anunciada pelo governo dos Estados Unidos.

Como apontou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descontado o viés político antagônico de um em relação ao outro, seria momento de Tarcisio de Freitas definir qual posição busca no contexto político em projeção: afinal, é candidato a quê? A presidente da República, onde terá entre suas tarefas principais defender a soberania do Brasil, ou a vassalo de um chefe político para atender intereresses ideológicos do grupo que o apoia. Ou, do qual espera apoio.

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