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Por que Eduardo diz o que diz? E por que ainda há quem o apoie?
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Por que Eduardo diz o que diz? E por que ainda há quem o apoie?

Eduardo Bolsonaro deve ter desistido de sua carreira política e até do Brasil, instalado que se encontra, e aparentemente bem, no Texas, rico estado da região Sul dos Estados Unidos
Deputado federal Eduardo Bolsonaro (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP Deputado federal Eduardo Bolsonaro

Assusta, pelo menos a mim, a quantidade de absurdos que o deputado federal Eduardo Bolsonaro protagoniza desde quando chegou aos Estados Unidos com a família, em fevereiro, já propagandeando ter como missão criar problemas para o seu país - Brasil, no caso. Estivesse ele apenas fazendo as coisas, de maneira silenciosa, talvez ainda fosse possível imaginar como aceitável o discurso de que é perseguido, o ministro Alexandre de Moraes é um ditador etc etc.

Alguém que ainda cumpre mandato popular no Congresso, missão que dentre outras coisas o obriga a ter compromissos institucionais, desloca-se até outro país e sai a trabalhar publicamente pela punição de autoridades brasileiras. Publicamente, repita-se, porque as redes sociais de Eduardo Bolsonaro dão conta de cada passo seu junto a autoridades dos Estados Unidos para que fizessem algo contra….o Brasil. A pretexto de punir seu algoz do STF.

Eduardo Bolsonaro deve ter desistido de sua carreira política e até do Brasil, instalado que se encontra, e aparentemente bem, no Texas, ao Sul dos Estados Unidos. Seria uma opção dele, inclusive como forma de fugir das encrencas judiciais nas quais está envolvido por aqui, mas, para minha surpresa pessoal, pelo menos, há uma parcela de brasileiros que ainda não tem conseguido dimensionar o tamanho do crime que o parlamentar está cometendo contra o seu próprio país.

Em manifestação recente, o Bolsonaro autoexilado chega a dizer, sem alterar uma só expressão do rosto, que é movido nesse momento pelo sentimento de vingança e, complemento, demonstra que o interesse nacional já foi riscado por absoluto de seu caderninho. Disse ele, literalmente: “Perfeito, se houver o cenário de terra arrasada, pelo menos eu estarei vingado desses ditadores de toga". Deu pra entender? A luta terá valido a pena, para ele, com o custo que tenha para a população que diz defender, mesmo que a sociedade seja chamada a pagar a conta do seu heroísmo de fanfarra.

Vou insistir com a pergunta: como esse tipo de comportamento ainda consegue apoio na política e na sociedade? Claro que ele é bem menor do que já foi desde quando a crise se instalou e ficou claro o objetivo do deputado do PL, que é de atender prioritariamente seus interesses pessoais e familiares. Qualquer coisa que se diga além disso será fantasioso e os seus movimentos tornam isso mais claro à medida em que os dias passam e os fatos se registram.

A “terra arrasada” não virá, talvez para decepção de Eduardo Bolsonaro. No entanto, suas ameaças quase diárias, às pessoas, às instituições, até ao processo democrático quando afirma que não haverá eleição no próximo ano caso o Judiciário brasileiro não ceda às pressões, seguirão dificultando a vida cotidiana dos brasileiros. Mesmo àqueles que gostam do deputado, dos parentes e do que eles representam ideologicamente, parece a cada dia mais difícil vincular suas atitudes e palavras à ideia de patriotismo que busca encarnar no discurso.

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