
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Juntei alguns vídeos dos muitos que circulam pelas redes sociais com a captação do momento dos duros ataques pessoais de Ciro Gomes contra a prefeita Janaína Farias, de Crateús, e o ministro Camilo Santana, da Educação, durante o aniversário do ex-prefeito Roberto Cláudio, como esforço pessoal de fazer um exercício de leitura corporal das reações no entorno do orador. Não precisa ser especialista na matéria, e eu não sou, para concluir que havia gente ali constrangida, especialmente entre as mulheres.
O que Ciro tem sinalizado com suas falas recentes e a insistência em abordar temas que dizem respeito a aspectos pessoais dos adversários, nem vou discutir se verdades ou mentiras, é que sua volta ao cenário político local será marcada pelo rebaixamento do debate. Não se tire dele o direito de considerar ruim o governo atual do Ceará, a questionar a competência e até a honestidade de quem integra o grupo no poder em nível de cúpula, mas tem como fazer isso sem enveredar por aspectos que parecem alheios ao que se entende como interesse público.
Claro que quando se vai à vida pública é preciso ter consciência de que um dos preços a pagar é a exposição de uma parte de sua própria intimidade, com isso deixando vulnerável também as famílias em muitas situações. Porém, de outra parte, quem se habilita a ocupar cargos importantes, nos quais há necessidade de oferecer o exemplo como qualidade inicial, precisa ter cuidado com o alcance e o limite dos ataques que faz em nome da política.
Ninguém entra na política esperando encontrar um ambiente onde a paz e a civilidade predominam, pelo contrário. Talvez seja um dos espaços da vida humana onde o fim é mais frequentemente utilizado para justificar o meio que se utiliza para obtê-lo, o que significa, com certa frequência, apostar no ataque a fragilidades pessoais dos adversários como forma de encontrar um caminho para derrotá-lo.
O ponto que diz respeito ao caso específico, e tentarei até o final do texto evitar reproduzir os termos que Ciro utilizou para atacar Camilo e Janaína, por entendê-los ofensivos além do que a luta política permite, é que a campanha sequer começou. Estamos numa fase fria do processo pré-eleitoral, na qual a preocupação maior dos partidos e lideranças, em geral, deve ser com a formação de alianças, conquista de apoios, articulações etc.
Cabe questionar desde agora, portanto, seja Ciro candidato ou somente um dos apoiadores de linha de frente do grupo oposicionista, o que ele, com sua verve forte, tanto quanto inconsequente, será capaz de fazer e dizer quando a coisa chegar à sua fervura máxima. Pode-se depreender que aquelas pessoas que estavam ao lado dele e que denunciaram incômodo através de suas reações corporais, na sexta-feira passada, precisarão estar longe dos eventos de campanha quando a temperatura parecer realmente capaz de justificar um excesso ou outro. O ambiente pode ficar proibitivo a quem tem ainda algum pudor.
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