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Por coerência, o voto de Fux deveria inocentar todos
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Por coerência, o voto de Fux deveria inocentar todos

O ministro Luiz Fux agitou o ambiente político com seu voto no STF, por mais que já fosse esperada uma decisão dele abrindo divergência quanto à posição do relator Alexandre de Moraes
Ministro do Supremo Luiz Fux realiza voto na manhã desta quarta-feira (Foto: Rosinei Coutinho/STF)
Foto: Rosinei Coutinho/STF Ministro do Supremo Luiz Fux realiza voto na manhã desta quarta-feira

O ministro Luiz Fux, da 1ª turma do Supremo Tribunal Federal (STF), para dar um sentido de coerência ao seu longo voto no julgamento dos oito acusados de participarem, como cúpula, de uma articulação cujo objetivo claro era interromper a democracia brasileira, deveria inocentar todos.

Por que destacar e prever punição para o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, com seu papel secundário dentro do grupo, sempre a serviço do então chefe? Qual a justificativa para punir Walter Braga Neto, também um “soldado” de uma causa que em nenhum momento teve seu nome na ponta mais alta, como beneficiário final?

É difícil que prospere, no âmbito daquela turma que julga o histórico caso, a linha de divergência aberta por Fux com seu arrastado voto. A aposta é que já a posição da ministra Carmén Lúcia, próxima a se manifestar, determinará a maioria pela condenação de todo o grupo, na forma como propôs o relator Alexandre de Moraes e mesmo que haja uma discussão a fazer, mais adiante, acerca do tamanho da pena que cada um deve cumprir.

Portanto, nada mudou em relação ao destino de Jair Bolsonaro e os ex-assessores quanto à tendência deles serem chamados a pagar penalmente pelo que fizeram. Não se trata de pré-disposição à condenação dos juízes, mas, ao contrário do que indica a confusa conclusão de Fux ao fim de uma leitura que consumiu cerca de 12 horas desta quarta-feira, é o resultado que se pode esperar da análise de um conjunto contundente de provas colhidas durante a investigação.

Ignorar a força daquilo que está apresentado nos autos não parece um caminho correto de fazer justiça. Menos ainda escolher duas vítimas quase aleatoriamente para oferecer algum sinal de reconhecimento de que coisas erradas aconteceram e que alguma punição deve acontecer. Nada disso está à altura de uma Corte que abriga, imagina-se, a elite do Judiciário brasileiro.

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