
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
É indefensável o que fizeram 344 deputados na madrugada desta quarta-feira, dia 17 de setembro de 2025, aprovando na Câmara Federal uma Proposta de Emenda Constitucional que, nos seus termos gerais, interessa apenas a eles, os parlamentares. Não tem a ver com a proteção justa de mandatos populares, com o fortalecimento da política ou qualquer outra razão que até poderia envolver o interesse do cidadão.
O governo Lula e seu partido dominante, PT, também pecam na atitude omissa que adotam diante de uma situação que pede posicionamento claro. Dizer que é assunto do Congresso, como fez a ministra da Articulação Política, Gleisi Hoffmann, anda longe de representar uma resposta à altura e mascara uma fraqueza perigosa para os desafios que ainda estão por vir.
No mínimo, esperava-se que o governo fosse capaz de marcar sua posição e deixar claro ser contra o avanço da PEC, mesmo que ele, diante dos acordos feitos no meio do caminho, já se apresentasse irreversível entre a noite da terça e as primeiras horas desta quarta. É o tipo de debate que não permite meio termo, exige que as posturas se apresentem de maneira transparente e firme, sendo contra ou a favor.
O movimento que levou à passagem tranquila da tal PEC pela Câmara tem a ver com a identificação dos seus espertos articuladores, gente na verdade pouco preocupada em fortalecer o papel dos parlamentares e a imagem do Legislativo, de um momento favorável diante da fragilidade política que apresentam o governo e o novo presidente da mesa diretora, Hugo Motta (MDB-PB). Este último, a cada dia menos confortável no posto e, em outras palavras, menos digno dele.
Claro que cabe à oposição responsabilidade maior e direta, como demonstram os votos unânimes pela aprovação da bancada do PL, como retrato mais fiel do peso que ela teve no tristemente histórico resultado da votação. Portanto, fazendo "justiça", o crédito principal pelo que aconteceu é do grupo político que hoje se porta no Congresso, reforçado pela turma do Centrão, sempre pronta para fortalecer matérias do seu campo de interesse.
O Brasil vive, no âmbito político, um momento de difícil explicação. Pesquisas se acumulam apontando Senado e Câmara diante de uma das quadras de menor credibilidade de sua história, reprovados pela maioria dos brasileiros, como efeito de exemplos quase diários de agressões, intolerância, desrespeito etc, e, paradoxalmente, avançam no Congresso pautas dissociadas das prioridades reais das pessoas.
Assim é que o bolsonarismo, com sua força inegável dentro do parlamento, subverte a pauta do Congresso Nacional e, ao mesmo tempo em que garante atenção para assuntos que dizem respeito apenas à sua agenda, trava o debate sobre matérias que efetivamente impactam na vida do brasileiro, como a proposta que isenta quem ganha até R$ 5 mil por mês de pagar Imposto de Renda.
Sob bloqueio do grupo, a matéria precisa ser analisada até o final deste mês de setembro para ter vigência já em 2026, e, caso isso não aconteça, a responsabilidade de um tipo irresponsável de oposição precisa ser devidamente destacada e precificada. À parte omissões e fraquezas de quem não consegue combatê-la eficientemente.
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