Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Avisos não faltam e partem de vários lados. Nós mesmos, em material especial que O POVO publicou domingo passado, mostramos o tamanho do problema à vista com a quantidade de adversários políticos, alguns quase inimigos, convivendo diariamente entre si e dispondo da tribuna e dos vários meios que hoje integram o sistema de comunicação do Legislativo estadual. Tudo isso e mais quando se soma um clima de disputa eleitoral nas bases municipais, que é o que teremos em 2020, está formado o ambiente propício para a coisa pegar fogo na Assembleia.
O presidente José Sarto (PDT), um calejado deputado de sete mandatos, sabe que assim será, mas, cumprindo seu papel, garante estar pronto para enfrentar o cenário e manifesta confiança nos colegas de legislatura. Sua experiência servirá, sem dúvida, mas o que realmente vai determinar que Assembleia teremos, quando o clima da campanha invadir seus corredores e gabinetes, será a realidade dos fatos. Conforme estejam as disputas, ninguém conseguirá segurar os ímpetos, experiente e serena que seja a condução atual da Casa.
Houve mais um aviso na semana, sexta-feira passada, quando o deputado Audic Mota (PSB) foi à tribuna acusar os adversários do grupo de Domingos Filho, na Assembleia representado pela deputada Patrícia Aguiar (PSD), de "mentirem" sobre a paternidade de obras públicas estaduais no município de Tauá, base da disputa política que protagonizam. Foi um pronunciamento forte, com menções a "fake news" e "vampirismo político", além de uma denúncia de que os adversários anteciparam o resultado de uma licitação ao tomarem para si a conquista dos recursos, liberados pelo governo estadual e que serão aplicados em obras na sede e nos distritos de Trici e Carrapateiras.
É uma briga que contempla outro problema dentro dela, relacionado à convivência de cordiais inimigos dentro da base aliada. Esta, porém, será tarefa do governo cuidar, com seus articuladores, preservando o que é de seu interesse longe das brigas localizadas. Uma estratégia que, por exemplo, recomendará manter Camilo Santana longe de algumas agendas capazes de gerar constrangimentos entre apoiadores que convergem na simpatia à gestão que o petista comanda e tudo de benesse que isso lhes pode representar na forma de obras, recursos, cargos e outras vantagens que o governismo traz consigo.
De volta à Assembleia, há muito potencial de confusão à vista, nos moldes deste da última sexta que colocou a política de Tauá na berlinda, mesmo que o episódio até não tenha gerado maiores consequências porque Audic, naquela ocasião, ficou sem aparte. É certo que haverá troco e incerto que isso represente o último capítulo da novela que terá cenas ainda mais quentes à medida que o clima eleitoral tome corpo definitivo, com suas candidaturas, ataques, defesas e estratégias.
Por essas e outras é que um comando experiente faz diferença numa Casa onde a política manda. Sarto, à parte um histórico que o recomenda nesse aspecto, inclusive pelo ponto em que já presidiu a Câmara Municipal de Fortaleza, quando vereador, estará submetido à realidade a partir de quando episódios pontuais, como este de Tauá ou aquele anterior recente em que os deputados Julio César Filho e Fernanda Pessoa levaram Maracanaú ao plenário, cada qual com sua perspectiva, entrarem com mais frequência e vigor na agenda do Poder. Será inevitável.
PAULO GUEDES PARA POUCOS
Está na agenda de pouca gente, porque o previsto até agora é que a única atividade em Fortaleza seja um encontro com seletíssimo grupo no restaurante Coco Bambu, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, está sendo esperado na cidade para a próxima quinta-feira, dia 5. Pelo estilo próprio terá muito a dizer, embora, por outro lado, também seja certo que precisará vir disposto a ouvir porque a turma tem queixas acumuladas a apresentar. Ou, no mínimo, apelos.
O IMPASSE NA UNIVERSIDADE
Para fazer sua gestão na UFC finalmente caminhar, em meio a tantas resistências e problemas de largada, o professor Cândido Albuquerque anda precisando de um freio de arrumação. A história de "se esconder" na Casa de José de Alencar para despachar não pareceu uma boa saída, muito menos a decisão posterior de recorrer à justiça para desocupar a Reitoria, antes de qualquer tentativa de abrir espaço à negociação. Anunciam-se tempos difíceis, para ele e a instituição.
OS COMPROMISSOS DO SENADOR
É bem corrida a agenda em Fortaleza do senador amapaense Randolfe Rodrigues, hoje uma das principais estrelas nacionais da Rede. Entre o começo da noite de quinta-feira, quando ele chega, e o final da tarde de sexta, quando embarca de volta, uma série de compromissos importantes estão sendo agendados, um colado no outro que é para dar conta de toda a demanda. Dois, porém, ganharam o selo de prioridade e acontecerão na Assembleia Legislativa.
A POLÍTICA E OS POLÍTICOS
Ambos na manhã de sexta. Primeiro será no Comitê de Imprensa. O ato de filiação da ex-vereadora Toinha Rocha e da empresária Nicole Araújo. Depois, no ambiente mais político do auditório Murilo Aguiar, Randolfe se junta aos irmãos Ciro e Cid Ferreira Gomes, ao prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, e aos presidentes da Assembleia, José Sarto, e da OAB cearense, Erinaldo Dantas, para um debate sobre o momento político. O assunto rende.
SEM PLANOS PARA VIDA PÚBLICA
Quem participa de conversas recentes mais íntimas do empresário Beto Studart, aquelas nas quais a verdade flui com mais naturalidade, coloca próximo a zero a chance de ele vir a experimentar um cargo público após concluir seu mandato como presidente da Fiec. A posse do sucessor que ele ajudou a escolher, Ricardo Cavalcante, costurando um consenso bastante raro ali, está marcada para acontecer no dia 19 deste setembro que se inicia hoje.
UM TEMPO PARA OS NEGÓCIOS
Defensor com o mesmo grau de entusiasmo do petista Camilo Santana e do antipetista Jair Bolsonaro, o que é em si uma demonstração de equilíbrio (equilibrismo para alguns) político, Beto Studart tem o nome especulado, vez em quando, nas duas esferas administrativas. Porém, sua decisão quase definitiva é de focar nos negócios, que andam pedindo sua presença em tempos de economia desafiadora, apesar de todo entusiasmo dele com o momento e os governos.
BATE-PRONTO
Na Câmara, o vereador Guilherme Sampaio (PT) tem sido um dos mais insistentes críticos à possibilidade de discussão do Plano Diretor de Fortaleza, que está para entrar na pauta, se dar sem envolver a participação popular. Com chegada de mensagem do prefeito Roberto Cláudio prevendo a criação de um núcleo gestor com representantes da sociedade a coluna foi ouvi-lo:
O POVO - A mensagem do prefeito tranquiliza em relação à participação popular no debate?
Guilherme Sampaio - Nos sete anos do governo RC, a Prefeitura de Fortaleza encerrou o orçamento participativo, fechou as portas aos movimentos populares e dialogou somente com os ricos. Essa mensagem, que chega no período pré-eleitoral, só será um avanço se vier com uma mudança radical nessa prática. Espero que assim seja.
O POVO - Foi um recuo, diante do que se conhecia até aquele momento?
Guilherme Sampaio - É um recuo diante das denúncias que temos feito junto com os movimentos ambientalistas e de moradia. Mas é também motivada pelos baixos índices dos pré-candidatos do prefeito nas pesquisas eleitorais.
O POVO - Qual o papel da Câmara a partir de agora? Da oposição, em especial?
Guilherme Sampaio - Exigir que, na prática, tenhamos o mais amplo e democrático debate, e não somente medidas de fachada. Participação não se constrói com entrevista coletiva e visita à Câmara, mas com escuta e diálogo, dia após dia, com o povo nos bairros.
A política do Ceará e do Brasil como ela é. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.