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Sabe aquela história de 2020 já começou?
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

Sabe aquela história de 2020 já começou?

Tipo Opinião

Quando, lá mais na frente, se for fazer aquele exercício de tentar localizar o momento em que o processo eleitoral de Fortaleza começou a deslanchar, de fato, é certo que o período relativo aos últimos dez dias será considerado como um dos recortes para análise. Mais ou menos a partir de quando o deputado federal tucano Roberto Pessoa escolheu o meio público da imprensa para comunicar ao seu partido a disposição de cometer infidelidade partidária no próximo ano, trocando o candidato pré-anunciado pelo PSDB, Carlos Matos, pela opção Capitão Wagner, do Pros. A partir dali desencadearam-se situações muito relacionadas à montagem do próximo cenário de disputa pelo poder na capital.

Nem todos os movimentos são explícitos e alguns, até, podem ter sido executados sem interesse eleitoral. Vá lá que um ou outro, de fato, aconteça de maneira natural e sem objetivos paralelos, mas, no geral, prevalecem mesmo os cálculos sobre o efeito que cada passo poderá ter mais adiante, quando o jogo começar pra valer. Na parte do que aconteceu nos últimos dias às claras e sem subterfúgio, além do aceno de Pessoa ao Capitão Wagner, tivemos o Novo oficializando que Geraldo Luciano será seu candidato em Fortaleza. Momento propício para fazê-lo, diante de especulações crescentes de que estaria havendo uma conversa dele com o próprio pré-candidato do Pros em torno de uma dobradinha, na qual este último encabeçaria uma chapa majoritária tendo o celebrado executivo como seu companheiro, na vice. Basta para estancar os boatos? Não, porque assim é na política, embora, de momento, tire uma parte de sua força.

Os lados petistas também foram movimentados no período, especialmente porque, agora do lado de cá e livre, Lula deu uma série de declarações públicas acerca do ano eleitoral de 2020. Em nenhuma delas citou nominalmente Fortaleza, embora a ideia que defende, de candidatura própria nas maiores cidades, especialmente as capitais, vá ao encontro do que é o sentimento vencedor entre todos no PT local. O que acontece é que a voz grave, rouca e inconfundível do líder maior da legenda lança o debate ao nível seguinte, onde a pergunta a ser respondida é a seguinte: quem? É que a forma como tudo está encaminhado indica que uma dúvida que havia sobre o objetivo real da participação, se para valer ou apenas para constar na cédula eleitoral de 1º turno, parece respondida e no sentido de indicar que o projeto do PT é ir de verdade à briga. Preste-se atenção, ainda, na mudança evidente de tom do presidente estadual do PDT, André Figueiredo, em relação, com especialidade, a Lula. Pode ter cálculo eleitoral na falta de paciência que passou a demonstrar nas suas manifestações mais recentes.

Foram, e estão sendo, movimentos de áreas oposicionistas ou, pelo menos (caso petista) não-alinhadas. O Paço Muncipal assistiu quieto? Não, ao seu modo, no ritmo que lhe convém e de maneira diferente, porque assim precisa ser para quem detém o poder e a máquina, o prefeito pedetista Roberto Cláudio, que não pode ser candidato e ainda tenta construir um nome viável, aproveitou uma reunião ordinária com o secretariado para avivar a lembrança dos eventualmente em dúvida: tem muita coisa ainda na prancheta e dinheiro em caixa para realizá-las, combinação que já obrou muito milagre político. Enfim, foram dias intensos e que, transcorridos ainda em 2019, tinham o cheiro de 2020 muito evidenciado.

Falta educação ao ministro

De minha parte, chega! Qualquer minuto a mais que permaneça no cargo de ministro da Educação o professor Abraham Weintraub menos chances há de termos uma política pública federal séria e agregadora para o setor. Trata-se, na simplicidade, de alguém despreparado para a tarefa e, por isso, ainda mais perigoso para exercê-la.

O papel do relator

Os adversários queixam-se que há interesse político e pessoal por trás, mas o fato é que o deputado federal cearense Domingos Neto, do PSD, tem olhado para o estado como relator geral do Orçamento da União. De longe, um dos postos mais cobiçados no Congresso.

A obrigação do deputado

Na semana, o parlamentar anunciou ter articulado crédito especial para o Nordeste, num bolo total em que caberá R$ 33 milhões ao Ceará para investir em recuperação e construção de estradas federais. Para quem trafega nelas, o interesse por trás pouco importará, se desvio não houver.

Lugar de corrupto

A ideia de o Ceará contar com uma Delegacia Especializada de Combate à Corrupção está na cabeça do senador Eduardo Girão (Podemos), que tem procurado gente da área para saber de sua viabilidade. E, até, do interesse real que unidade do tipo exista entre nós.

Da intenção à verba

Por exemplo, o assunto esteve na mesa de conversa de Girão com o Procurador-geral de Justiça, Plácido Rios. Com sinal verde de mais gente, é intenção dele viabilizar os recursos necessários através de verbas parlamentares, como, segundo diz, tem acontecido em outros estados para iniciativa semelhante.

Bate pronto com Heitor Freire

 

O deputado federal Heitor Freire (PSL) apresentou-se desde sempre como a pessoa, no Ceará, mais próxima ao presidente Jair Bolsonaro. Diz-se, até, que dormia na casa do próprio nas viagens ao Rio de Janeiro nos períodos de campanha. Por isso, chamou atenção que não o acompanhe na aventura de criação de um novo partido - Aliança para o Brasil -, optando por ficar no PSL, cuja executiva preside no Ceará, inclusive. Eis suas explicações à coluna:

O POVO - Por que não seguir o presidente Bolsonaro na mudança de partido?

Heitor Freire - Em primeiro lugar para não perder o mandato, já que os eleitos para cargos proporcionais correm sério risco de perder o mandato em caso de desfiliação e eu não quero parar o trabalho que comecei pelo povo cearense. Em segundo lugar, porque o Partido Aliança não existe e eu não teria onde me filiar e, em terceiro lugar, é uma questão de responsabilidade com os meus pré-candidatos. Hoje eu tenho comissões formadas, chapas se formando para as eleições de 2020 e não posso ser irresponsável com essas pessoas.

O POVO - O apoio ao governo dele permanece incondicional?

Heitor Freire - O PSL continuará apoiando todas as ações do presidente Jair Bolsonaro que forem alinhadas ao conservadorismo e o movimento de direita.

O POVO - Como o senhor vê o futuro do PSL sem seu principal líder, a partir de agora?

Heitor Freire - Só vejo coisas boas. Hoje o PSL é o único partido de direita, conservador, que tem condições para combater a esquerda. Nós hoje estamos nos organizando, nos estruturando para chegar forte nas eleições 2020, levando nossos ideais para o povo brasileiro.

Foto do Guálter George

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