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É da ordem natural que a notícia venha depois do fato
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

É da ordem natural que a notícia venha depois do fato

Os políticos costumam dizer, até com alguma razão em casos determinados, que os jornalistas é que são os maiores interessados na história de antecipação de processo eleitoral, de movimentação de bastidores sobre uma campanha que ainda não existe oficialmente etc. Em resumo, alega-se que há muito factoide no que se informa ao público acerca de conversas que acontecem a essa altura, por exemplo, que miram acordos a serem validados apenas em meados do próximo ano. Pode ser, mas, na real, o que tem acontecido no caso de Fortaleza e do Ceará, mais recentemente, deixa muito evidentes as marcas de 2020, apesar dos desmentidos e mesmo que se tivesse a maior boa vontade para concluir que uma coisa não tem nada a ver com a outra.

Olhemos o movimento expressivo do senador Cid Gomes (PDT), peça decisiva em todo o jogo de disputas anunciado para o ano que vem. Poucos movimentos relacionados ao próximo processo eleitoral terão chances de ir adiante, ou o contrário, sem que passem por algum crivo dele, ainda a voz principal de uma ala importante da política cearense contemporânea e, inclusive, com influências que vão além dos limites do próprio partido ao qual pertence. Essa é a razão principal de sua decisão de dar um tempo de Brasília, entregar o mandato ao empresário Prisco Bezerra, não por coincidência irmão do prefeito Roberto Cláudio, e disponibilizar 24 horas do seu dia, até fins de abril, pelo menos, às conversas e articulações que têm como alvo as eleições. Sim, é 2020 sendo antecipado.

Claro que Fortaleza é uma das preocupações mais urgentes, inclusive pelo aspecto em que continua inexistindo o nome natural do grupo para ser lançado à disputa. Sem ele, as especulações transitam com desenvoltura e a opção Cid permanece frequentando as conversas, por mais que suas negativas sejam enfáticas e que nos sintamos obrigados a dar a elas uma dose maior de credibilidade do que aquela que daríamos, por exemplo, ao irmão Ciro Gomes. Um movimento que arranha a ideia que se tenta passar de que tudo está dentro dos conformes e que não haveria razão para qualquer mudança de ritmo no processo que levará ao nome do grupo na disputa, que se anuncia intensa, pela sucessão fortalezense.

Até pelo fato de em outros segmentos a coisa estar avançando a passos largos. Em relação ao Capitão Wagner (Pros) é chover no molhado apontar sua decisão, a cada dia mais clara, de não esperar as datas que o cronograma oficial oferece e, desde já, precipitar o ânimo da população quanto à próxima escolha de prefeito que terá que fazer. É evidente que isso precisa ser feito de maneira cuidadosa, sob pena de caracterizar campanha antecipada e, nesse aspecto, abrir brechas legais a questionamentos que poderiam mais atrasar os passos do que apressá-los, como seria intenção inicial.

Dos eventos políticos mais recentes, em dias ou horas, até, vale inserir na análise de um cenário de clima eleitoral antecipado a posse na sexta-feira à noite do vereador Guilherme Sampaio como presidente do PT de Fortaleza e, mais ainda, o seu discurso. A escolha dos alvos - Capitão Wagner, Roberto Cláudio e Cid Gomes - parece atender um roteiro preciso, foca em quem precisará estar na mira de um candidato de oposição à gestão municipal pedetista, colocado à esquerda dela. O tom é outro ponto que chama atenção, escalando-se para responder a Cid, expondo Wagner na sua relação mal resolvida com o governo Bolsonaro e atacando o prefeito por aspectos relacionados ao olhar que lança à periferia, que ele considera preterida em relação ao Aldeota e seus entornos.

Bom, com tudo isso acontecendo, só espero que os políticos não venham acusar os jornalistas de artificializarem o debate para lhe dar um tom eleitoral. É intrínseco a ele, pela forma como acontece nesse momento.

O quase consórcio
dos prefeitos

Prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio admite que houve, lá atrás, uma tentativa dos dirigentes das nove capitais nordestinas de replicarem, entre eles, o movimento dos governadores da região. Ou seja, de formarem uma espécie de consórcio para uma atuação conjunta e articulada, a partir dos pontos de convergência.

Por que parou? Parou por quê?

Uma boa ideia, como têm demonstrado os resultados concretos do Consórcio de Governadores, que esbarrou num ponto que faz toda a diferença: há, entre os prefeitos alguns simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro. Resultado, no começo do ano houve conversas, aconteceram reuniões, mas a coisa não prosperou e terminou esquecida.

Uma nova companheira

Ex-deputada Miriam Sobreira ainda não é oficialmente petista, mas, pelo clima que encontrou na noite de sexta-feira ao participar das posses de Guilherme Sampaio e Antonio Conin, como presidentes das executivas de Fortaleza e do Ceará, respectivamente, já pode se considerar em casa. Ao ponto de, sob aplausos, ter o nome anunciado ao microfone como candidata da sigla à prefeitura de Iguatu no próximo ano.

O café continua quente

De bom humor, o presidente do TCE, Edilberto Pontes, diz que se preparou para enfrentar o tempo de café frio que, segundo o folclore político, marca o fim de todo mandato, considerando-se que caminha para concluir o segundo período consecutivo e já tem, até, substituto escolhido. Como precaução, ele informa ter comprado "uma máquina de fazer café" e colocado dentro do seu gabinete.

O derrotado não foi

A história foi contada, e fez todos rirem, no café da manhã com jornalistas, na semana, que apresentou o balanço do produtivo ano do TCE. O detalhe é que aconteceu um dia depois da disputada eleição do novo presidente, na qual Valdomiro Távora derrotou Roldhen Queiroz por 4 x 3. Edilberto garante que não ficaram sequelas, mas o fato é que Rholden, presença em todos os demais encontros do gênero, desta vez não deu as caras.

Mantenham distância

Gente que andou olhando pesquisas recentes sobre o humor do fortalezense em relação às coisas da política nacional garante que, nesse momento, associar a imagem à do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não parece bom negócio, já que a popularidade dele aferida cientificamente por aqui anda muito em baixa. Tudo, como gosta de destacar quem lê tais números com os cuidados que merecem, a preço de hoje.

Foto do Guálter George

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