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O supersecretário e os prefeitos
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

O supersecretário e os prefeitos

Tipo Opinião
    (Foto: Italo Furtado)
Foto: Italo Furtado

O nome do Doutor Cabeto está posicionado na prateleira em que repousam os secretários com maior prestígio no atual governo Camilo Santana. Afinal, sua decisão de finalmente dizer "sim" a um convite para assumir a pasta estadual da Saúde, em 2019, depois de uma resistência firme ao assédio de vários governadores (inclusive do próprio Camilo, anteriormente), precedeu-se de uma conversa na qual aclarou pontos que considerava importantes e o principal acerto garantia-lhe carta branca para tocar as coisas à sua maneira.

Fazia sentido que alguém com tal nível de respeito no meio profissional em que atua impusesse condições fortes para trocar o conforto da rotina como professor universitário e cardiologista de grande prestígio no Ceará pelo desgaste quase inevitável de um cargo público que lhe entregava a gestão de uma das áreas mais problemáticas de qualquer governo. Não somente do atual e não apenas do Ceará.

O fato é que, até agora, Cabeto realmente tem agido com liberdade garantida por Camilo para levar adiante ideias inovadoras. O norte principal é uma denominada Plataforma de Modernização da Saúde, motivo de entusiasmo do secretário por contemplar uma reorganização ampla na gestão da rede hospitalar, por considerar uma valorização multidisciplinar dos profissionais e por buscar uma maior integração do governo do Estado com as demais instâncias públicas, dentre outros aspectos que têm sido citados por ele próprio. Pois bem, é neste último ponto, da relação com os demais entes e seus agentes, que a situação anda recomendando cuidado.

O que aconteceu no fim de tarde da última quinta-feira, começo da noite, não foi banal. Politicamente, pelo menos. Uma comissão de prefeitos, liderada pelo presidente da Aprece, Nilson Diniz, foi até o secretário para discutir com ele o polêmico decreto baixado pelo governo sobre os consórcios de saúde, que tira dos gestores municipais parte do controle que exerciam na indicação de nomes para o preenchimento de cargos estratégicos e bem remunerados, e saiu de lá, após longo chá de cadeira, sem conseguir sequer ser recebida por Cabeto, que, alegadamente, não conseguira se liberar a tempo de compromisso no Palácio da Abolição. Em audiência com o próprio governador Camilo Santana, segundo justificado.

Doutor Cabeto não é político, no conceito restrito do termo, mas, sim, precisa fazer política no cargo que ocupa. Nesse sentido, cansar cinco prefeitos, todos aliados do governo, faltando a uma audiência acertada antecipadamente com eles, parece um gesto pouco prudente, a despeito de todo prestígio que ostente com o governador.

Ninguém está gritando publicamente e demonstrando irritação ou revolta, diga-se. Ivo Gomes, prefeito de Sobral e um dos "esquecidos" pelo secretário, passou pelos jornalistas até esboçando um sorriso quando saia para não mais retornar, driblando-os com uma história de que "vamos ali lanchar", mas, de volta ao teatro da política, o episódio deixa suas marcas. Cabe agora ao secretário de Saúde, apolítico que seja, trabalhar com mais afinco para apagá-las.

Menos barulho, mais ação

A coluna ouviu de um advogado fartos elogios às duas gestões de Plácido Rios como procurador-geral da Justiça. Dentre outras coisas, por ter conseguido fazer da Procuradoria de Justiça dos Crimes contra Administração Pública (Procap) uma instância do Ministério Público mais operativa e menos espetaculosa. Especialmente contra prefeitos.

Mais vontade, (pré)candidato

Há quem cobre do secretário Samuel Dias, até onde se sabe o nome preferido do prefeito Roberto Cláudio (PDT) para disputar sua sucessão, um pouco mais de demonstração pública de vontade de ser o candidato da gestão na campanha de Fortaleza. Sem um favorito do eleitor, muitas vezes a disposição pessoal acaba servindo de critério para escolha final.

Um bom cabo eleitoral

Pesquisa interna realizada pelo PSDB, por recomendação do senador Tasso Jereissati, mediu a capacidade de transferência de votos do prefeito Roberto Cláudio na disputa de Fortaleza em 2020. Quem teve acesso aos números garante que expressam um potencial grande de possibilidade de acontecer, o que pode justificar a pouca pressa do Paço em decidir já um nome.

De voto em voto

O corte sugerido para quem quiser integrar o blocão de candidatos à Câmara de Fortaleza, aquela turma de ex-vereadores que está sendo organizada por Hélder Couto, é de um potencial de pelo menos 3 mil votos. Muita coisa, portanto. Está tudo encaminhado para que o grupo se abrigue no Patriotas, em articulação com o deputado federal Júnior Mano.

Bate-pronto

A ausência do ex-senador Eunício Oliveira das articulações visíveis sobre as eleições de 2020 no Ceará chama atenção, presidente que ele é do MDB estadual. A coluna o procurou para três perguntas e ouviu dele que, apesar das aparências, tem participado de tudo. Confira:

O POVO: O MDB está ausente das conversas eleitorais para 2020 no Ceará? O senhor tem participado?

Eunício Oliveira: Tenho mantido uma rotina de receber desde outubro, várias lideranças no MDB e também de outros partidos. Estamos desenvolvendo ações nos núcleos do MDB Jovem, Mulher, Sindical, Diversidade, Afro e Ambiental.

O POVO: Quais as prioridades do partido?

Eunício Oliveira: Fazer um número recorde de prefeitas e prefeitos, vices e vereadores, nossa base da pirâmide na política brasileira.

O POVO: O senhor descarta uma candidatura em Fortaleza, como de vez enquanto alguns especulam como possibilidade?

Eunício Oliveira: Na política não existe não, nunca ou jamais. O sim, talvez, provavelmente se encaixe melhor.

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