Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Vale ainda uma discussão sobre o comportamento, algo surpreendente, que tem tido nesses tempos de pandemia o senador cearense Tasso Jereissati, do PSDB. Vale destacar, a voz política que fez a mais contundente manifestação crítica ao governador Camilo Santana (PT), pelas redes sociais, assim que se tornou conhecido na noite do domingo o teor da primeira versão do decreto que estendia a quarentena no Ceará por mais duas semanas, até 20 de abril, sinalizava para uma clara flexibilização das regras de isolamento e que parecia permitir o retorno de atividades em vários setores econômicos.
Na sua manifestação quase que imediata, ainda na noite de domingo, Tasso destacava uma série importante de problemas no caminho que o governo estadual apontava que estava disposto a adotar a partir daquele momento. Por exemplo, advertiu que o afrouxamento se daria exatamente no momento em que a crise de contaminação pelo novo Coronavírus se desloca em direção às áreas mais pobres do Ceará, depois de um tempo concentrada entre os segmentos mais ricos. Outra advertência dele importante é que a situção apenas agora começa a atingir o Interior com mais força, sabendo-se que quanto mais distante de Fortaleza maiores as carências da estrutura de saúde disponível.
Camilo mudou de planos, anulou o decreto que flexibilizava a quarentena e manteve as regras rígidas que já vigiam antes, muito em função da pressão que sofreu. A postura de Tasso teve lá seu peso, não apenas pelo aspecto em que era o firme posicionamento contrário a ser considerado de um senador relevante, três mandatos de governador no histórico, mas, também, por sua representatividade empresarial como proprietário de um dos maiores shoppings center de Fortaleza. No plano nacional, pelo menos, um dos setores que mais tem pressionado as autoridades para que a retomada da economia se dê o mais rapidamente possível.
Dá pra dizer que o político está se sobrepondo ao empresário no dilema íntimo que Tasso Jereissati deve estar vivenciando em relação à crise sanitária desde quando ela mostrou sua cara por aqui. Sem dúvida, a despeito de juízos de valor que uns e outros façam sobre a opção do governo do Ceará pelo isolamento total, o comportamento do senador tucano tem a virtude de estar olhando para o lado econômico da crise, inclusive quanto aos seus negócios particulares, sem perder de vista o drama dos cidadãos mais comuns e o que é efetivamente prioritário à preservação de suas vidas.
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