Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Está tudo ainda na base de versões interessadas de quem teve acesso ao conteúdo da gravação, na seleta sessão de ontem no Instituto de Criminalística da Polícia Federal, em Brasília, autorizada pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da ação que investiga uma alegada tentativa de interferência do presidente da República na Polícia Federal.
A questão é que a reação da parte à qual parece não interessar que nada que aconteceu ali venha a público, especialmente Jair Bolsonaro, mais complica do que exatamente ajuda em sua defesa.
O próprio presidente Bolsonaro, pressionado pelo surgimento dos primeiros vazamentos, foi aos jornalistas na tarde de ontem, coisa rara de acontecer na sua esquisita e tensa dinâmica de relacionamento com a imprensa, para dar sua versão. Diz ele que os termos "Polícia Federal" e "superintendência" não fizeram parte de sua manifestação e que a preocupação com os filhos era quanto à segurança pessoal deles, sem relação com seus interesses políticos, pessoas públicas que são.
Três deles, pelo menos. Muito pouco para afastar as dúvidas que ainda sobram sobre o comportamento e as intenções dele no caso, levantadas por acusações que têm partido, vale sempre lembrar, de Sergio Moro, seu celebrado ex-ministro da Justiça.
Dúvidas, aliás, que a essa altura não se restringem apenas ao que aconteceu entre o presidente e Moro. Precisa-se esclarecer o comportamento que teria tido o titular da pasta da Educação (da Educação!), Abraham Weintraub, insurgindo-se contra os ministros do STF, ao que consta, em termos chulos e agressivos, num gesto de desrespeito grave.
Há versões fortes ainda, de alguma forma alimentadas pelo sigilo, sobre as participações de Damares Alves e Ernesto Araújo, em mais manifestações de pouco apreço à institucionalidade.
Enfim, diante de tudo que há sido dito, seria importante ao conjunto dos brasileiros conhecerem o que de fato se deu naquela sala e naquela ocasião. É duro imaginar-se que uma reunião de trabalho entre aqueles que integram o nível mais alto da governabilidade nacional, no plano do poder Executivo, termine sendo palco de tantas demonstrações de despreparo e desapreço, e numa hora em que o PaÍs se vê desafiado por um quadro de pandemia.
De novo, apenas o acesso livre de todos ao conteúdo permitirá que as dúvidas cessem e se supere o ambiente de desconfiança que há hoje em relação ao presidente e sua equipe, inevitável diante do que tem sido divulgado e conhecido.
Quem pode ajudar a esclarecer mesmo tudo, ao final, é o ministro Celso Mello, responsável pelo sigilo que hoje prevalece. Em uma de suas manifestações recentes, ele já admitiu que pode levantá-lo a qualquer momento, o que faria bem à transparência e, a essa altura, ao próprio presidente Bolsonaro, se realmente interessado estiver no esclarecimento definitivo à sociedade do que aconteceu naquela movimentada, e talvez histórica, reunião de 22 de abril.
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