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No país das crises, uma sempre parece maior do que a outra
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Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).

No país das crises, uma sempre parece maior do que a outra

Empresário Paulo Marinho no dia em que prestou depoimento na CPMI das fake news, no Congresso (Foto: fotos públicas)
Foto: fotos públicas Empresário Paulo Marinho no dia em que prestou depoimento na CPMI das fake news, no Congresso

É impressionante o ritmo em que os fatos negativos e escandalosos acontecem no Brasil, deixando a todos nós sem fôlego para acompanhá-los. Ainda se tenta absorver todo o problema criado na sexta-feira com a segunda troca de ministro da Saúde no espaço de 28 dias, em meio a uma pandemia que exigiria calma, planejamento e coordenação para ser combatida com eficiência, e já surge um outro problemão para desviar a atenção. Uma denúncia séria de que a Polícia Federal, durante a campanha eleitoral de 2018, antecipou passos de uma operação que atingiria de maneira direta um dos candidatos, exatamente o que viria a ganhar e é hoje o presidente da República: Jair Bolsonaro.

Não é qualquer denúncia e quem a faz dispõe da credibilidade suficiente para ser levado a sério, atuante que era no grupo mais íntimo de apoio ao então candidato Bolsonaro. A estratégia inicial dos filhos do presidente, especialmente o "atuante" vereador Carlos, 02 para os íntimos, é de descredenciá-lo, inclusive tentando negar o papel de importância real que teve na campanha, ao ponto de ter cedido a própria casa para a gravação dos programas veiculados no horário eleitoral de rádio e TV.

Com tudo isso, dará trabalho, agora, convencer que Paulo Marinho, 1º suplente do senador Flávio Bolsonaro, em outro sinal da confiança que lhe depositava a família, era alguém que não dispunha de aproximação suficiente com o núcleo decisório para acessar informações com algum nível de sensibilidade política. O discurso precisará ser outro.

É uma situação grave, com chances de render problemas e até colocar em dúvida o resultado da última eleição presidencial, desde que gere consequências institucionais. Mesmo que o governo ignore o enorme tamanho da acusação, agora que está sob controle direto dos Bolsonaro, há instituições que não podem simplesmente desconsiderar a sua dimensão histórica séria, numa lista que envolve, dentre outras, Ministério Público, Justiça - a comum e a eleitoral em planos semelhantes -, além do Congresso.

Em algum desses espaços, ou em todos, o senhor Paulo Marinho precisará ser chamado para esclarecer melhor o que está dizendo e, a partir daí, se fazer as investigações que o caso requer, punindo quem mereça ser punido, inocentando quem tenha o direito de ser inocentado.

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