Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O Brasil viveu uma tarde que traduz à perfeição sua condição atual de República das Bananas. É o que somos hoje, infelizmente. As dúvidas ainda existentes estão superadas, a partir de dois episódios que tiraram o fôlego do País no dia de ontem e mostraram a falta de compromisso de uma parte do grupo que hoje integra o que se pode chamar de alta cúpula decisória do Governo Federal com o equilíbrio entre os poderes tão sadio a uma República que mereça assim ser chamada. O que escreveu o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, em nota oficial cujo sentido único era pôr medo no País, e o que revelam vários trechos das imagens liberadas da reunião ministerial de 22 de abril são indicações de que o momento exige que comecemos a chamar as coisas pelo nome.
É impossível levar a sério um País que tenha no governo gente como o General Heleno, Abraham Weintraub, Damares Alves e Ricardo Salles, para citar apenas alguns nomes dentre os que são demissíveis nesse enredo e que precisariam dormir já ontem fora dos altos cargos que ocupam como efeito direto do que se viu e viveu a partir da tarde. O presidente Jair Bolsonaro, que também teve exposto no vídeo da tal reunião o forte componente antidemocrático de seu pensar sobre as coisas, tem a favor, de qualquer maneira, o fato de ter chegado àquela cadeira levado por 58 milhões de votos.
Algo que não lhe faz intocável, mas impõe ritos que precisam ser levados adiante para se avaliar a conveniência ou não de mantê-lo onde está, tantas são as irregularidades que patrocina como guardião principal, que deveria ser e não é, da democracia no Brasil. Trechos importantes do registro em vídeo daquela reunião a que se teve acesso graças à decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), denunciam em Bolsonaro uma personalidade de muito pouco respeito à convivência com quem pensa o contrário. Alguém assim não serve para conduzir um País, especialmente quando marcado por diferenças, mesmo que eleito para tal.
O que se pergunta, afinal, é o que aconteceria se não tivesse Sergio Moro sido demitido, após desentendimento com Bolsonaro. O brasileiro nunca saberia que na tarde de um dia qualquer de abril a alta cúpula do governo reuniu-se para protagonizar aquele espetáculo dantesco? Para atacar as instituições, autoridades, pessoas, países, sugerir tirar proveito de um quadro de pandemia que mata brasileiros aos milhares para empurrar pautas tais e tais antipáticas, para desfilar palavrões etc etc.
Quem saiu dali e foi tocar sua vida normal, como se nada tivesse acontecido, respaldou com o silêncio ou a permanência em seus cargos tudo o que aconteceu de grave ao longo das duas horas daquele palavreado de baixo nível. É só assistir cada minuto do vídeo com olhar de quem quer um País democrático, de fato, para entender que não é de pouca coisa que se está falando.
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