Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
Colunista de política, Gualter George é editor-executivo do O POVO desde 2007 e comentarista da rádio O POVO/CBN. No O POVO, já foi editor-executivo de Economia e ombudsman. Também foi diretor de Redação do jornal O Dia (Teresina).
O tic-tac do relógio faz avançar o tempo no rumo de um momento em que será necessário separar quem é quem para a inevitável hora decisiva que vai chegar mais à frente. O aumento da tensão institucional das últimas horas, basicamente patrocinada pelo presidente da República já sem muito arrodeio, indica que falta pouco para nos depararmos com a verdade e, diante dela, escolhermos o caminho que se pretende seguir, como País.
A animada quarta-feira de visitas determinadas pela justiça a endereços de apoiadores, amigos e simpatizantes de Jair Bolsonaro, acusados de envolvimento numa rede criminosa de fabricação e distribuição de fake news, abriu uma página que até ser fechada nos manterá sob suspense. É inevitável que o avançar da investigação comandada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), leve a pessoas muito próximas ao presidente Bolsonaro, admitindo que os que já estão sendo investigados nem sejam assim tão íntimos dele, o que já exige algum esforço.
O que parece é que Bolsonaro, sabendo disso, antecipa-se em algumas jogadas e já tensiona mais o quadro se fazendo valer de personagens dos quais parecerá mais fácil se livrar logo adiante, comparados, por exemplo, a um filho seu. Esta parece ser a razão de mobilizar uma parte do governo agora para blindar o indefensável ministro da Educação, Abraham Weintraub, cuja cabeça pode ser entregue logo à frente em troca de uma outra mais valiosa, que seria poupada.
O que se sabe da leitura feita no Palácio do Planalto dos eventos da quarta é que o filho do presidente, vereador Carlos Bolsonaro, publicamente reconhecido como administrador das suas redes sociais, dificilmente deixará de ser alcançado pelos desdobramentos daquela operação. É pública e notória sua ligação com grande parte das pessoas que tiveram celulares, computadores e outros apetrechos eletrônicos apreendidos pelos agentes da Polícia Federal. Vale repetir este trecho para ajudar a fixar: "..pelos agentes da Polícia Federal".
Como o próprio Carlos sempre foi apresentado como um gênio estratégico do mundo virtual, e respalda nos seus espaços o que dizem e fazem as pessoas submetidas à investigação, algo deverá sobrar para ele. Não é chute, nem torcida, mas, apenas, o resultado de um esforço básico de juntar pontos para analisar tudo aquilo que aconteceu naquele agitado dia numa perspectiva de projetar o que está por vir.
Enquanto novos e esperados passos concretos da investigação não se concretizem, teremos diante de nós um Executivo na ofensiva e demonstrando que não vê limites para agir em defesa do presidente e de quem ele considere nesse momento um aliado. No outro lado, porque há um cenário de confronto posto, um STF que precisa medir seu próximo passo para lhe garantir precisão.
Entre os dois, dentro de uma estrutura institucional fragilizada, um Legislativo, sem líderes, que se mantém meio perdido e não consegue assumir um papel de equilíbrio que lhe faria garantidor da harmonia possível e do respeito necessário entre os poderes da República, sem os quais não há democracia que se ponha de pé.
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