Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br
O medo, a insegurança não são sinônimos de fraqueza. Precisamos aprender a viver os sentimentos que nos deixam vulneráveis. A vulnerabilidade tem dentro de si uma tremenda força que quando acessada, se transforma imediatamente em força e segurança.
Foto: Jackson David/Unsplash
Sentir-se inseguro não é
Todos sabemos que viver em segurança é uma impossibilidade. A morte está bem ali na esquina esperando para provar isso. Porém, todos nós estamos sempre procurando formas de ‘construir’ mais segurança. Criamos casas, depois passamos a viver em verdadeiras fortalezas, montamos exércitos, criamos fronteiras, mas a vida continua nos mostrando que a natureza da existência é insegurança.
Mas por que será tão difícil vivermos e aceitarmos a insegurança? No caso clínico que descrevo a seguir, exemplifico essa busca inconsciente por segurança ou a fuga da insegurança. E o quanto isso é desestruturante para as pessoas.
Carlos casou novamente há poucos meses e se percebeu mais uma vez inseguro com relação à sua nova mulher. Quando o ciúme bateu forte e as brigas do casal se tornaram constantes, ele me procurou para tratar em terapia essa sua questão.
Quando o coloquei diante da nova (*) esposa, Carlos na sua fala, exigia que ela lhe desse garantias para provar que estava compromissada com a relação. Ela respondia que estava também insegura com todas as mudanças que o casamento trouxe e que não podia dar o que ele pedia.
Durante a sessão, aos poucos, Carlos foi reconhecendo que viveu a mesma situação de insegurança com seus pais os quais em virtude da profissão mudavam muito de moradia. E isso deixou o pequeno Carlos muito inseguro e ‘sem chão’ boa parte da sua vida.
Quando Carlos percebeu essa raiz traumática ele pode entender que a sua mulher estava simplesmente engatilhando a ferida de abandono e insegurança que ele carregava desde a infância.
No momento que ele foi orientado na sessão de terapia a olhar e se permitir sentir essa insegurança, imediatamente ele se acalmou e pode compreender melhor o que estava acontecendo. Nessa mesma sessão falei pra ele que não podemos exigir segurança das pessoas porque elas não podem dar. Elas não tem um fio condutor que transmite segurança.
Falei que a natureza da vida é insegurança. Ressaltei também que a busca por segurança é uma busca por sobrevivência que data do Homo Sapiens, a partir do próprio instinto de conservação do Ser Humano. E que não podemos viver o sentimento de segurança, sem vivermos a insegurança.
"Quando vivemos uma perda emocional, ou mesmo uma ameaça de perda, como no caso de Carlos, necessitamos usar e/ou descobrir os nossos recursos emocionais."Guilherme Ashara, terapeuta de Constelação Familiar
Buscamos a segurança também porque a insegurança pode gerar muitas sensações desconfortáveis como batimentos cardíacos descontrolados e aumento da sudorese. Quando sentimos essas sensações desconfortáveis na terapia, dispomos de diversas ferramentas para atingirmos a autorregulação. Peter Levine, criador da Experiência Somática, chama essas ferramentas de ‘recursos’.
É bem fácil entender os recursos materiais e financeiros. Se, por exemplo, nossa casa incendeia, isso gera uma sensação diferente se tenho três casas ou se essa que incendiou é a única casa que tenho. Isto é, quanto mais recursos temos, mais tranquilamente passamos por uma situação traumática.
Quando vivemos uma perda emocional, ou mesmo uma ameaça de perda, como no caso de Carlos, necessitamos usar e/ou descobrir os nossos recursos emocionais. Temos que aprender a lidar com a insegurança ou com o ciúme, por exemplo. Se não temos esse recurso emocional, sofremos mais do que aquele que o possui.
Uma ferramenta bem comum de autorregulação emocional é a própria respiração. Quem nunca ouviu alguém falando para outra pessoa respirar profundamente quando a mesmo está passando por uma situação de crise ou perigo?!
O medo, a insegurança não são sinônimos de fraqueza. Precisamos aprender a viver os sentimentos que nos deixam vulneráveis. A vulnerabilidade tem dentro de si uma tremenda força que quando acessada, se transforma imediatamente em força e segurança.
A questão é que nesse caso a segurança não vem de fora, não vem do outro. Ela nasce a partir do espaço criado pela vulnerabilidade.
É importante entendermos que as chamadas emoções negativas são energias potenciais que contém o seu oposto. O medo contem coragem, a insegurança contem a segurança, a raiva contem o amor, a tristeza contem a alegria e a morte contem a vida.
Nas palavras do místico Osho: “Experimente a vida em todas as formas possíveis: bom-mau, doce-amargo, escuridão-luz, verão-inverno. Experimente todas as dualidades. Não tenha medo da experiência, porque quanto mais experiência você tem, mais você se torna maduro.
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