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Will Smith revela seus traumas e sua transformação
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Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

Will Smith revela seus traumas e sua transformação

Atores, escritores, cantores, compositores prezam o sofrimento como fonte de inspiração para a expressão das artes. Mas será que isso é realmente necessário?
Tipo Opinião
Trauma causa sofrimento, mas é possível lidar com um trauma e acolhê-lo  (Foto: Vitaly Otinov/Unsplash)
Foto: Vitaly Otinov/Unsplash Trauma causa sofrimento, mas é possível lidar com um trauma e acolhê-lo

Quando falamos de traumas, muitos de nós reage defensivamente: “trauma, eu? Não tenho nenhum trauma!” Ainda vemos o trauma com o estigma da loucura, do pinéu, do descontrolado. Mas como já ressaltei em alguns artigos aqui no OP+ todos nós passamos por situações traumáticas. E sabendo ou não, reagimos e somos afetados diariamente pelos efeitos traumáticos.

Se, por exemplo, passamos por dificuldades financeiras ou não temos sucesso nos nossos negócios, você acha que isso tem a ver com nossos traumas de infância? Ou mesmo se temos sucesso, mas não conseguimos desfrutar daquilo que construímos. Será que isso pode ter relação com nossos traumas?

Will Smith compartilhou sobre sua experiência com seus traumas no livro autobiográfico ‘Will’. Em uma entrevista ao programa 'The Project' ele diz: “A exploração do meu trauma de infância me abriu para entender personagens e histórias; a angústia mental e o triunfo”.

Desde muito, as artes associam inspiração com sofrimento. Atores, escritores, cantores, compositores prezam o sofrimento como fonte de inspiração para a expressão das artes. Mas será que isso é realmente necessário? Novamente, citando Will Smith, quando ele afirma: "Sinto que sou um ator muito melhor agora, depois de ter passado pelo processo do meu livro de memórias.”

Começa, a meu ver, a nascer uma nova compreensão no mundo artístico de que você não se precisa sofrer para encenar o sofrimento. Não precisamos viver na dor, na ferida para cantar ou escrever sobre a dor e o sofrimento.

Como posso perceber que sofri um trauma?

O trauma nunca se mostra claramente. Ele sempre mostra as suas consequências. O que na Psicoterapia chamamos de Estresse Pós-Traumático e eu gosto de chamar de ‘carga emocional’.

 

"É muito importante na cura do trauma não negar, nem minimizar a dor da criança. Acolher a criança emocional é dizer sim à sua dor, ao seu desconforto, ao seu medo. Fazemos isso acolhendo os nossos desconfortos emocionais, expressando-os para alguém que confiamos, por exemplo." Guilherme Ashara, terapeuta de Constelação Familiar

 

Vou citar alguns exemplos pra que você possa descobrir se sofreu um trauma. Você está passando por uma situação financeira difícil e fica totalmente desesperado ou mesmo tenta esquecer tomando algum tipo de droga. Você perde um ente querido que lhe dava algum tipo de sustentação financeira ou emocional e não consegue mais se equilibrar na vida ou passa a ter um vício.

Pode ser também algo bem simples como querer se concentrar para passar num concurso e não conseguir. Querer compor ou escrever algo e não conseguir. Ter um projeto que adia por anos porque tem medo de tentar e fracassar. Quer encontrar um relacionamento satisfatório, mas não consegue.

O que está por trás de um trauma? O que o gerou?

Nessa mesma autobiografia de Will Smith ele dá um bom exemplo de como um trauma é gerado. Ele diz, “Meu pai era violento, mas ele também estava em todos os jogos, peças e recitais. Ele era alcoólatra, mas estava sóbrio em todas as estreias de cada um dos meus filmes. Ele ouvia todas as gravações. Ele visitou todos os estúdios. O mesmo perfeccionismo intenso que aterrorizava sua família colocava comida na mesa todas as noites da minha vida.”

Ao mesmo tempo que ele relata a violência e o alcoolismo do pai, declarando que cogitou até mesmo matá-lo (quando criança), ele também minimiza ou compensa falando de coisas boas do pai. Em terapia essa minimização não é benéfica. Ao minimizar, ele defende o pai, porém nega o sofrimento da sua própria criança interior. É preciso ficar bem claro que quem defende o pai é o adulto Will Smith. A criança - o pequeno Will passou por toda a violência e sofre até hoje por causa disso.

Muitos de nós não lembra ou tenta esquecer os eventos traumáticos. Fazemos isso porque é muito doloroso viver com essa carga emocional.

É muito importante na cura do trauma não negar, nem minimizar a dor da criança. Acolher a criança emocional é dizer sim à sua dor, ao seu desconforto, ao seu medo. Fazemos isso acolhendo os nossos desconfortos emocionais, expressando-os para alguém que confiamos, por exemplo.

Esse é um primeiro passo para conseguirmos suportar a dor. Suportar no sentido de dar suporte, dar apoio. Quando fazemos isso, a dor se ameniza e inicia-se o processo de cura dos nossos traumas.

Namastê!

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