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O caminho do autoamor
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Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

O caminho do autoamor

Se confiarmos nessa percepção, ela nos levará para o nosso objetivo maior: a autorrealização no amor.
Autoamor começa quando reconhecemos que existem vários tipos de amor (Foto: Alexey Demidov/Unsplash)
Foto: Alexey Demidov/Unsplash Autoamor começa quando reconhecemos que existem vários tipos de amor

Minha jornada em busca do autoamor começou quando senti que a vida não se resumia no que eu havia aprendido em casa. Meus pais tinham tido pais bem rígidos e portanto recebi muito pouco amor deles.

A maior parte da energia deles era gasta para sobreviver e manter um certo status social. O que restava era direcionado para alguns eventos sociais e para a educação dos filhos.

Quando olho pra trás vejo que eles fizeram o que foi possível. Criar dez filhos é uma tarefa árdua. Amar dez filhos com esse background é quase impossível. A experiência de amor que tenho é de muita cobrança, muitas expectativas sobre mim, comparação, julgamento. Muito pouco acompanhamento e muita carga emocional com pressões, educação rígida e violenta.

Como eu poderia ter experimentado o que é ser amado numa situação dessas! Eu confundia amor com cuidado, com educação, com ter uma casa para comer e dormir. Mais tarde confundi o amor com paixão, com atração, com carência, com admiração.

Quando eu comecei a trabalhar e ganhar um bom salário busquei a liberdade que nunca havia experimentado. Claro que não sabendo o que é amor, eu o confundia com sexo, com relacionamentos casuais e com tentativas inconscientes de encontrar alguém que pudesse me amar. Porém, hoje eu vejo que não estava preparado para ser amado. Passei então a viver aventuras passageiras que me satisfaziam momentaneamente.

Quando comecei a praticar as meditações do Osho aconteceu uma grande virada na minha vida. Percebi que pela primeira vez eu estava realmente olhando para mim, me aproximando de mim mesmo. Minha vida antes estava 100% focada no exterior. Não entendia que mesmo a minha busca por sucesso era dirigida pela comparação e pela Ideia de sucesso que haviam me passado.

Na minha percepção existem vários níveis de amor. O primeiro é o amor sobrevivência. Ele é físico, material, corporal. É o amor mais básico. É aquele que a grande maioria das pessoas vive. É quando alguém diz que ama seu carro, ama a sua casa, ama o estereótipo do seu corpo.

Um segundo nível de amor é o sexual. Muita gente confunde sexo com amor. Amar o corpo é essencial, mas existem níveis mais profundos de amor.

Juntamente com o sexo vem o romantismo. Esse é o amor emocional. Aquele que vemos muito nos filmes românticos. É o amor dos sonhos, dos contos de fadas, dos príncipes e das princesas. Precisamos romantizar a vida como uma forma de sobrevivência. A vida seria muito dura se não houvesse o romantismo. Daí a busca pelo sonho romântico.

Um outro tipo de amor é o amor mental. É o amor que nasce de um cuidado, de uma preocupação com o outro e com nós mesmos. Gosto de chamar esse amor de ‘amor próprio’ porque ele nasce de um autocuidado.

No caminho do autoamor precisamos passar por todas esses estágios. Passo a passo, precisamos escalar a montanha do amor para chegarmos ao cume. Quando chegamos ao pico, encontramos o amor incondicional.

Da mesma forma que o pico da montanha sempre esteve lá esperando o alpinista, o amor incondicional também sempre esteve nos esperando dentro de nós. Procuramos desesperadamente fora, mas ele sempre esteve dentro. No fim dessa jornada encontramos o autoamor.

Fora só vemos o reflexo do amor. É importante vermos o reflexo. É como olharmos num espelho e percebermos a nossa aparência. Mas a aparência não é quem somos. Somos algo internalizado. E o autoamor é a essência maior do nosso mundo interior.

E pra essa jornada, a meditação é uma das principais ferramentas. Por que falo tanto de meditação nos meus artigos? Porque a meditação é a arte de olhar para si. Como podemos nos amar sem aprendermos a nos ver, a nos sentir? Sem experimentar a nossa essência? É impossível.

Essa é a razão pela qual a grande maioria das pessoas busca o amor fora, no outro. Poucos têm a experiência do que é estar consigo, se observar, se sentir, se amar.

Quando encontramos o caminho que nos leva ao autoamor, imediatamente sentimos uma vibração, um ’sim’ do corpo, da consciência, da vida. Se confiarmos nessa percepção, ela nos levará para o nosso objetivo maior: a autorrealização no amor.

Namastê!

Foto do Guilherme Ashara

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