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Qual é o seu conceito de amor?
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Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

Qual é o seu conceito de amor?

Podemos dizer que nossa felicidade ou infelicidade depende de como lidamos com nossas marcas do passado. Se aprendemos a curá-las, caminhamos na direção da felicidade.
Tipo Análise
O amor acontece quando abre-se um espaço para que ele flua (Foto: Jeremy Bishop/Unsplash)
Foto: Jeremy Bishop/Unsplash O amor acontece quando abre-se um espaço para que ele flua

Será que o amor pode ser apreendido? Ensinado? Expandido? Controlado? O ser humano vem desde muito na busca pela maestria sobre o amor. Milhares de canções, artigos, declarações e teses sobre o amor já foram feitas. Mas parece que o homem, de uma forma geral, está cada vez mais longe do amor.

Na minha percepção o amor não pode ser apreendido! O que pode acontecer é você criar um espaço, um contêiner para o amor. Da mesma forma que você cria um vaso para plantar rosas. Se você não tem sementes as rosas não brotarão. Sabemos que não podemos fabricar rosas.

Dessa forma, podemos aprender a cultivar o amor. Da mesma maneira que cultivamos uma rosa e às vezes ela morre se não for bem cuidada, o amor precisa de muito cuidado para não morrer. E ao contrário, crescer dentro de nós.

O cultivo do amor começa com o cuidado e carinho dos nossos pais e cuidadores. Se eles forem amorosos entre si e com os filhos, o amor tem uma grande chance de se desenvolver. Porém, a realidade da grande maioria de nós é que o que experimentamos na infância foi rejeição e abandono. Significa que na fase adulta vamos atrair para nossas vidas parceiros que nos rejeitam e nos abandonam. E isso não é coincidência. Vivemos um ciclo vicioso de abandono e rejeição.

No seu livro Learning Love (Aprendendo a Amar) Handbook 1, Krishnananda Trobe, M.D. e Amana Trobe colocam: “… A maneira que nossos pais e especialmente como nossos pais do sexo oposto nos trataram é como entendemos o amor. Isto é, se você é uma mulher, você entende o amor de acordo com o que seu pai lhe tratou. Se é um homem aprende o que é o amor de acordo com os conceitos da mãe.

Uma cliente que vou chamar de Tânia me procurou para olhar para sua relação com os homens. Tânia sempre teve namorados que gostam muito dela, porém ela não consegue se apaixonar por nenhum deles. Quando olhamos para sua relação com seu pai, ela revelou que foi abusada por ele na infância. E além disso, o pai começou a trair a mãe quando Tânia tinha pouco mais de 10 anos. Apesar de tudo isso, os pais dela ainda vivem juntos até hoje.

Podemos então perguntar: como Tânia pode relaxar, se entregar e receber o amor dos seus namorados se ela viveu traumas de maus-tratos e abandono na sua infância. Somado a tudo isso, a imagem que ela tem do amor proveniente dos pais é muito desequilibrada e destorcida.

No mesmo livro Krish e Amana escrevem: “De como fomos tratados na infância, talvez passamos a acreditar que o amor não existe ou que não merecemos o amor ou que ninguém será capaz de nos dar o que precisamos. Talvez passamos a acreditar que o homem deve prover todas as necessidades da mulher, ou vice-versa”.

Pare um pouco e reflita sobre qual é o seu conceito de amor na sua vida e nas suas relações. Talvez você acredite que se você se abrir para amar alguém, você será maltratada(o). Que o amor só leva a conflito, desapontamento e dor. Que você tem que tomar conta de si, porque não é inteligente depender de ninguém. Talvez você espere primeiro que o outro abra seu coração, pra você ficar disponível.

Todas essas crenças vêm através de imagens e condicionamentos da nossa infância que trouxemos da relação com nossos pais. E os autores complementam: “Elas [as crenças] são baseadas naquilo que observamos acontecendo entre nossos pais e como éramos vistos e tratados.”

À partir dessas experiências criamos e projetamos inconscientemente nossa vida e nossos relacionamentos. Todas as autoimagens negativas que temos sobre nós, sobre o outro, sobre o amor e sobre a vida nascem dos nossos traumas de infância.

Podemos dizer que nossa felicidade ou infelicidade depende de como lidamos com nossas marcas do passado. Se aprendemos a curá-las, caminhamos na direção da felicidade. Se acreditamos que em algum momento um salvador vai nos resgatar, provavelmente viveremos uma existência infeliz e de miséria. Sadhguru, um místico português coloca da seguinte forma: “Se você está procurando consolo, você acredita. Se você está procurando uma solução, você busca.”

Precisamos buscar o caminho do amor. Para cada um essa jornada será diferente, mas em essência o amor será o mesmo. Só precisamos aprender a seguir aquilo que faz nosso o coração vibrar.

Namastê!

 

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