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Diminua suas expectativas e melhore seus relacionamentos
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Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

Diminua suas expectativas e melhore seus relacionamentos

Uma forma simples de reconhecer suas expectativas no relacionamento é perceber a sua irritação e perturbação com relação ao que o outro faz, pensa, sente ou como ele(a) se comporta.
Tipo Análise
As expectativas quanto ao outro pode atrapalhar os relacionamentos (Foto: Alejandra Quiroz/Unsplash)
Foto: Alejandra Quiroz/Unsplash As expectativas quanto ao outro pode atrapalhar os relacionamentos

Quando olho para o meu relacionamento de 35 anos com minha mulher, vejo o quanto já sofri por causa de expectativas. Também consigo ver que essas expectativas são simplesmente uma continuidade das expectativas atendidas ou frustradas que eu tinha sobre a minha mãe.

A minha ideia de uma boa mãe era aquela que atendia todos os desejos materiais e emocionais dos filhos. Ela tinha que acompanha-los no colégio e estar presente quando ele necessitasse.

A minha ideia de uma boa esposa era ‘coincidentemente’ que a mulher deveria estar sempre disponível para o marido. Deveria atender as necessidades materiais, físicas e emocionais do mesmo. E por cima de tudo, deveria cuidar dos filhos.

Quando queremos relacionamentos preenchedores e amorosos, o que realmente queremos?
No livro ‘Learning Love’ Krishnananda e Amana respondem a essa pergunta: “Muitos de nós têm uma ideia de amor baseada no que as pessoas deveriam sentir por nós e na maneira como elas deveriam nos tratar.” Isto é, se uma pessoa nos ama, ela deveria nos considerar e nos respeitar. Deveria ser amável, cuidadosa e honesta para conosco. Ela não deveria nos tratar mal, nem ser agressiva.

Todos os valores acima são importantes, mas isso não necessariamente define quem essa pessoa é. Essa pessoa pode lhe amar do seu próprio jeito e talvez isso simplesmente não se encaixe nas ideias que você tem sobre o amor.

Todas as ideias de como o outro deveria ser ou deveria me amar são expectativas que trazemos da infância e projetamos na relação.

Muitas vezes essas expectativas estão em pequenas coisas, como eu querer que o outro atenda o celular ou responda com urgência a uma mensagem no WhatsApp.

Uma forma simples de reconhecer suas expectativas no relacionamento é perceber a sua irritação e perturbação com relação ao que o outro faz, pensa, sente ou como ele(a) se comporta. A irritação é sempre um ótimo medidor das expectativas porque quando nos irritamos com o comportamento do outro, naturalmente queremos que ele(a) seja de outra forma. Seja mais organizada, mais amorosa, mais prestativa, mais sensível, mais presente e assim vai.

Outra forma de perceber o quão estamos cheios de expectativas é observar e reconhecer nossas opiniões e julgamentos. Todos nós temos opiniões e julgamentos. A expectativa acontece quando queremos que o outro aceite e seja de acordo com as nossas opiniões.

Quando ele(a) tem outra percepção sobre aquele determinado assunto ou se comporta diferentemente do que achamos certo, as brigas e desentendimentos começam e a relação se abala.

Estou atendendo com sessões de terapia um casal que por muitos anos viveram num verdadeiro jogo de expectativas. Como isso estava ficando cada vez mais autodestrutivo para a relação, eles me procuraram. Os dois se amam muito, mas o amor estava ameaçado por esse padrão de querer que o outro seja como um dos dois acha que o outro deveria ser.

Ela se mostrou uma grande guerreira. Faz as coisas práticas com muita facilidade, porém tem dificuldade de se conectar com as emoções. Por isso, ela tem uma grande expectativa que ele seja mais dinâmico e resolva as coisas com mais rapidez.

Já ele é mais calmo e conectado com suas emoções. Sofre com as explosões de humor da mulher e tem a expectativa que ela seja mais calma e o veja com mais sensibilidade. Porém, reconhece que tem um grande medo de perdê-la se mostrar suas emoções mais agressivas como a raiva, por exemplo.
Nas sessões eles estão começando a ficar conscientes da dinâmica das expectativas na relação. Quando ela se exalta e quer que ele faça algo de acordo com o que ela pensa, ele contra-ataca dizendo que ela deve se acalmar e deixar pra depois conversarem. Ela fica irritada e ele fica com medo de fazer algo que ameace a relação.

Qual seria a solução para essa relação?

Primeiro reconhecer que é impossível tentar não ter expectativas. Depois compreender que a nossa criança ferida vive de expectativas. Ela esperou a atenção e o acolhimento dos pais e agora espera que o outro seja tudo pra ela. Que a compreenda, a ame, a respeite. A questão é que o outro espera tudo isso também e um pouco mais.

Enquanto eles não entenderem que o outro não pode lhes dar o que eles esperam, a relação continuará sendo um jogo cansativo e destrutivo de codependência emocional. A solução é que os dois deveriam parar de acreditar que o outro deveria atender às suas expectativas.

A partir dessa compreensão, as expectativas começam naturalmente a diminuir e desaparecer por si mesmas e lentamente começamos a aceitar o outro e a vida em geral da forma que eles são.
E essa compreensão nos liberta. Começar a aceitar o outro como ele(a) é significa que também podemos nos aceitar como somos. A aceitação é a grande chave-mestra para expandir o amor, a liberdade, a confiança e a felicidade nas relações.

Namastê!

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