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Ancestralidade: entre bênçãos e maldições
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Psicoterapeuta sistêmico com especialização em Psicologia Transpessoal e Psicoterapia Somática Integrada. Viveu na Índia onde se aprofundou em diversas abordagens terapêuticas e de meditação. Fez cursos e supervisão em Constelação Familiar com Bert e Sophie Hellinger e foi o introdutor da Constelação no Ceará; Ashara atende individualmente e ministra cursos de formação em Constelação em diversas cidades do Brasil. Veja mais: www.ashara.com.br

Guilherme Ashara comportamento

Ancestralidade: entre bênçãos e maldições

Na verdade, precisamos olhar para o passado para nos libertarmos dele. Fazendo isso, ficamos livres para viver o presente e olhar para o futuro, sem os grilhões aprisionastes do passado.
Tipo Análise
Olhar para o passado é libertar-se dele para viver o presente (Foto: Sasha Freemind/Unsplash)
Foto: Sasha Freemind/Unsplash Olhar para o passado é libertar-se dele para viver o presente

Quando olhamos para trás na direção dos nossos ancestrais podemos encontrar muitos tesouros como heranças materiais e também imateriais. As heranças materiais são os bens físicos que recebemos deles.
Porém existem muitas heranças imateriais, como por exemplo, um dom passado de geração a geração. Uma profissão que era dos bisavós e se propagou por diversas gerações.

Na minha família temos um bom exemplo. Meu avô mexia com fórmulas farmacêuticas. Meu pai se tornou farmacêutico prático e ainda mantinha algumas fórmulas que ele mesmo preparava. Eu e meu irmão tivemos farmácia, porém com pouco sucesso. Meu cunhado herdou a profissão de farmácia do meu pai e trabalhou nesse ramo até se aposentar. O qual, por sua vez, passou a profissão para seus dois filhos. Um deles é farmacêutico formado, tem farmácia; e o outro vive do comércio de farmácia.

No livro ‘Trauma, transe e transformação’, de Thomas Bryson e Dra. Ursula Franke explicam: “Informações que são ou foram relevantes para a sobrevivência são mantidas nessas estruturas internas [dos membros da família] e campos de informação. Elas são a sabedoria da linhagem, preservadas para ajudar as próximas gerações, caso elas necessitem enfrentar ameaças para sua sobrevivência”.

Porém sabemos que onde existe prazer também existe dor. Isto é, as experiências traumáticas vividas pelas gerações anteriores de uma família também são passadas para as próximas gerações. Podemos dizer que a maior parte do sofrimento que vivenciamos hoje foi originado na nossa ancestralidade.

Thomas Bryson e Ursula Franke confirmam essa percepção de traumas transgeracionais no mesmo livro acima, quando colocam: “Porém, quando essas experiências são traumáticas, elas são recebidas pelas próximas gerações como pesos e cargas que são acumuladas e passadas para as próximas gerações”.

Podemos afirmar então que herdamos bençãos e maldições dos nossos antepassados. Sabemos entretanto, por experiência com as Constelações Familiares, que a grande maioria dessas bençãos e/ou maldições são propagadas inconscientemente.

Mas como tudo isso é transmitido?

O biólogo inglês Rupert Sheldrake passou anos da sua vida estudando Campos Mórficos e Campos Morfogenéticos. Ele concluiu que todos estamos interconectados através desses campos energéticos.
Nos seus estudos ele verificou que os Campos Mórficos são campos de informação. E essas informações são passadas de um sistema para outro através de um fenômeno chamado ressonância.

Um exemplo bem comum da ressonância é quando tocamos uma determinada nota no violão e existe outro violão no mesmo ambiente. Aquela nota tocada no primeiro começará a vibrar no segundo violão.
De forma semelhante todas as vibrações que acontecem em um sistema familiar (experiências, mortes, traumas, dores, paixões, etc) são captadas, por ressonância, pela próxima geração dessa família.

Venho trabalhando com Constelação Familiar pelos últimos 25 anos. Pude experimentar comigo e com milhares de clientes o quanto é importante tomarmos consciência do que trazemos de nossas gerações passadas.

Quando percebemos uma benção, a nossa consciência amplia essa benção. Quando detectamos um trauma ou um emaranhamento no nosso sistema familiar, somente o fato de tomarmos consciência dele, imediatamente ele começa a se desfazer.

A mesma energia que estava enganchando a nossa vida, nossos relacionamentos e profissão começa a fluir, se transformando em energia vital. São inúmeros os depoimentos agradecidos que recebo dos meus clientes contando como a sua vida mudou depois de uma única vivência de Constelação Familiar.

O terapeuta sistêmico Svagito Liebermeister mostra de uma forma clara como isso acontece em terapia: “Em geral, podemos dizer que terapia é um esforço para trazer um trauma não resolvido e uma energia bloqueada a uma completude (um movimento), e dessa forma, restaurar a capacidade da pessoa de estar num fluxo com a vida, se reconectar com as outras pessoas e olhar para o futuro ao invés do passado.”
Algumas pessoas têm a falsa impressão de que terapia é um movimento para o passado. Na verdade, precisamos olhar para o passado para nos libertarmos dele. Fazendo isso, ficamos livres para viver o presente e olhar para o futuro, sem os grilhões aprisionastes do passado.

No presente é onde a nossa vida é encontrada. É onde temos força para assumir o que verdadeiramente somos e vivemos. Quando nos percebemos no momento presente, no aqui-agora nossa vida ganha uma dimensão totalmente nova, empoderada e vibrante.

Namastê!

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