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Cármen Lúcia: "Os prédios foram reconstruídos, a hora é de julgamento"
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Guilherme Gonsalves escreve sobre política cearense com foco nas atuações Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), mostrando os seus bastidores desdobramentos no jogo político e da vida do cidadão. Repórter de Política do O POVO, setorista do Poder Legislativo, comentarista e analista. Participou do programa Novos Talentos passando pelas editorias de Audiência e Distribuição e Economia, além de Política. Também escreve sobre cinema para o Vida&Arte

Cármen Lúcia: "Os prédios foram reconstruídos, a hora é de julgamento"

A ministra deu o voto decisivo que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro
A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) (Foto: Rosinei Coutinho/STF)
Foto: Rosinei Coutinho/STF A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF)

"A democracia brasileira não se abalou. Os prédios foram reconstruídos. A hora é de julgamento. O Estado Democrático brasileiro se aperfeiçoa porque o Brasil é um país, e somente com a democracia um país vale a pena".

Assim discursou a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), antes de iniciar a consideração de seu voto para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus por cinco crimes, entre eles o da tentativa de golpe de Estado.

"O que há de inédito nessa ação penal é que nela pulsa o Brasil que me dói. Esta ação penal é quase o encontro do Brasil com o seu passado, com o seu presente e com o seu futuro", declarou a magistrada.

No seu passado, em algumas ocasiões, o Brasil foi vitimado por um golpe em sua democracia, assim deixando uma marca dolorida e sentida em sua jovem e recente democracia. Diferentemente de 1891, 1930 ou em 1964, no dia de hoje, pela primeira vez os golpistas são julgados e condenados penalmente por suas práticas.

"O diferencial mais candente desta ação penal seja, além do ineditismo penal a ser aplicado pela tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado", disse Cármen Lúcia.

As provas dos crimes são muitas, 70 terabytes de arquivos. Há quem achasse ruim a quantidade, como o caso da defesa de Bolsonaro que argumentou não ter tido tempo para apreciar tudo. Até o ministro Luiz Fux não gostou do tanto de documento. Mesmo assim, os advogados, em sustentações orais, e o magistrado, em mais de 13 horas de discurso, não conseguiram negar as acusações.

"Os fatos que são descritos desde a denúncia e a referência acusatória a imputação não foram negados na sua essência", afirmou a ministra.

Em seu discurso, Cármen Lúcia lembrou dos ataques violentos de 8 de janeiro contra os prédios dos Três Poderes, símbolos da democracia e instituições brasileiras. Porém, o prédio, feito de concreto em sua versão física, e no campo como instituição, foi reerguido mesmo em uma tentativa de derrubá-lo e tomar o poder a força.

Portanto, ela diz ser o momento é de julgar àqueles que se organizaram, articularam, promoveram mentiras e ataques as instituições e fracassaram em ser perpetuarem ao poder, devendo ser responsabilizados. 

Com a palavra, a ministra Cármen Lúcia.

"Jamais serão atingidos ou subjugados pela barbárie, nem pela barbárie seus juízos serão intimidados. É inútil, porque mesmo desejasse destruir mil vezes esse Supremo Tribunal Federal, subsistiria em cólume o sentimento de referência desta Casa pelo Estado Democrático de Direito e mil e uma vezes reconstruiremos este prédio.

"Em nome do Supremo Tribunal Federal, que uma vez erguida da Justiça a clava forte sobre a violência cometida em 8 de janeiro, os que a praticaram, os que a insuflaram, serão responsabilizados pelo rigor da lei nas diferentes esferas

"A democracia brasileira não se abalou. Os prédios foram reconstruídos. A hora é de julgamento. O Estado Democrático brasileiro se aperfeiçoa porque o Brasil é um país, e somente com a democracia um país vale a pena".

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