Guilherme Gonsalves escreve sobre política cearense com foco nas atuações Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), mostrando os seus bastidores desdobramentos no jogo político e da vida do cidadão. Repórter de Política do O POVO, setorista do Poder Legislativo, comentarista e analista. Participou do programa Novos Talentos passando pelas editorias de Audiência e Distribuição e Economia, além de Política. Também escreve sobre cinema para o Vida&Arte
Messias, o "esquerda conservador" enviado ao STF para salvar?
Homem de confiança de Lula, "terrivelmente evangélico" e progressista em algumas pautas, Jorge Messias é o enviado do presidente em momento de tensão entre a Corte e o Congresso
Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
Jorge Messias é o indicado de Lula para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
O presidente Lula enviou o seu advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, ao Senado Federal com a missão de espalhar sua palavra de justiça, ser aceito pelos senadores e chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula, na terceira indicação no terceiro ano de seu terceiro mandato, seguiu o padrão de escolher aliados próximos a ele, não atendendo coros, justos, mas sem tanta força assim para convencê-lo de indicar uma mulher negra à Corte. O da vez é alguém de sua confiança, "terrivelmente evangélico" e um "conservador de esquerda", que caso seja aprovado, poderá passar 30 anos no cargo da maior corte de justiça do país.
Messias deverá atravessar a via sacra na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para chegar ao STF. A relação entre Congresso Nacional com o governo federal e Supremo não é a das melhores. O AGU pode ter sido enviado para amenizar tensões com certos públicos e diminuir resistência, mas pode até criar uma dor de cabeça para Lula.
É entre o público evangélico que Lula tem a maior rejeição e não deve ser uma indicação de ministro cristão da Igreja Batista que deva mudar isso, se for pensado nas eleição presidencial de 2026. Não acho que a indicação seja por isso, afinal o último escolhido foi Flávio Dino, também de extrema confiança, e um comunista.
Comunista ou evangélico, o papel de um ministro da Suprema Corte não deve ser guiado pela Bíblia Sagrada, Manifesto Comunista, ou qualquer outro livro que não a Constituição e na defesa do Estado democrático de direito. O Estado é laico e não tem religião oficial. Ainda bem.
Lula já indicou 11 ministros ao STF, mas não impediu acirramentos. Exemplo da análise do habeas corpus após a condenação anos atrás. A própria Corte sofreu e resistiu perante uma tentativa de golpe de Estado, fracassada, e com culpados, agora, condenados.
Jorge Messias é evangélico. Frequenta uma Igreja Batista em Brasília de um pastor ligado à senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos-DF) e participou este ano da Marcha para Jesus em São Paulo. Participou de governos petistas e é tido como um "conservador de esquerda".
Em pautas de costume como aborto, o indicado deve seguir linha mais lógica do que uma visão puramente ideológica. Já em questões trabalhistas, aí já é mais progressista. Mas então, foi indicado para quê?
Bom, o STF tem sofrido bastante com o Congresso Nacional e até pressão dos Estados Unidos. Messias foi alvo também do cancelamento de visto assim como outros ministros do Supremo, e é claramente o alvo do bolsonarismo e oposição em 2026. Ter membros aliados e próximos ao presidente é estratégico.
É esperada muita dificuldade da aprovação na Comissão de Constituição e Justiça no Senado e no Plenário. Dino teve aprovação por votos contados, mas com muito empenho de Rodrigo Pacheco e Davi Alcolumbre, presidentes do Senado e CCJ na ocasião, . Davi e outros senadores queriam que Lula indicasse Pacheco ao STF desta vez. Irão se empenhar como antes fizeram?
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