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Não briguem por política no Natal
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Guilherme Gonsalves escreve sobre política cearense com foco nas atuações Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece) e Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor), mostrando os seus bastidores desdobramentos no jogo político e da vida do cidadão. Repórter de Política do O POVO, setorista do Poder Legislativo, comentarista e analista. Participou do programa Novos Talentos passando pelas editorias de Audiência e Distribuição e Economia, além de Política. Também escreve sobre cinema para o Vida&Arte

Não briguem por política no Natal

Que nas celebrações nós possamos deixar nossas diferenças de lado e aproveitemos a companhia de quem amamos
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Natal de Luz na Praça do Ferreira, com Coral do Ceará Natal de Luz. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES Natal de Luz na Praça do Ferreira, com Coral do Ceará Natal de Luz. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO)

Estamos nas vésperas das celebrações de Natal e da conclusão do ano de 2025. O momento deve ser de celebração com familiares e amigos e comunhão. Não utilizemos esta data para aflorar nossas divergências políticas causando intriga.

O Brasil atravessa milhares de problemas e alguns deles estão na nossa incapacidade de dialogar com o diferente. E isso se agrava ainda mais quando falamos de familiares. Ninguém é obrigado a concordar com o outro na política, entendo que há pontos impossíveis de se alinharem. Ano que vem teremos eleições presidenciais e nossos dotes civilizatórios estarão à prova novamente. Na última vez fomos categoricamente reprovados.

É de se lamentar os rachas familiares e de amizades que perdemos no meio desta briga que transforma homens e mulheres em agrupamentos sectários. Nos preservemos ao menos estas celebrações de final de ano para não levantar nenhum assunto polêmico e que possa causar o tal climão.

Há muitos familiares e amigos que eu gostaria de conversar sobre nossas vidas, relembrar histórias e aproveitar nossas companhias. A última coisa que penso é levantar temas e perguntas como, "vão votar em quem no ano que vem?, "e o Lula hein?!", "e a prisão do Bolsonaro?!", "esse Alexandre de Moraes é isso ou aquilo".

Trégua de Natal em tempos de guerra

Em 1914 o mundo vivia a sua Primeira Guerra Mundial. Em uma noite fria de 24 de dezembro, entre depósitos de mortos em uma trincheira próxima a Ypres na Bélgica, um soldado alemão canta "noite feliz, noite feliz". Ele é acompanhado por outros.

A espera do combate, os britânicos, surpresos, aplaudem a iniciativa e também começam a entoar uma das mais marcantes e belas músicas já compostas. Os alemães desejam um "Merry Christmas (Feliz Natal)" e avisam que não irão atirar, pedindo que também não sejam atacados. Era a Trégua de Natal.

Aos poucos, os soldados de ambos os lados deixam os seus postos e em sinal de paz, mesmo que momentânea, deram as mãos e celebraram o Natal. Algumas cenas como essa se repetiram com trocas de presentes, beberam, comeram e até jogaram futebol. As traves eram os capacetes de guerra, mas naquele momento eram apenas seres humanos desconhecidos no clima natalino.

"Entre as trincheiras, os inimigos que tanto se odeiam se reúnem ao redor de árvores de Natal e cantam canções natalinas. Jamais me esquecerei dessa cena", relatou o solado alemão, Josef Wenzl.

A estátua retrata a Trégua de Natal. Soldados alemães e aliados apertam as mãos, com uma bola de futebol entre eles, simbolizando o dia em que jogaram juntos no Boxing Day de 1914(Foto: Isabelle Bruneel / Wikimedia Commons)
Foto: Isabelle Bruneel / Wikimedia Commons A estátua retrata a Trégua de Natal. Soldados alemães e aliados apertam as mãos, com uma bola de futebol entre eles, simbolizando o dia em que jogaram juntos no Boxing Day de 1914

Se soldados puderam tirar um dia e alguns momentos para deixarem suas divergências políticas e ordens militares de lado, faço o apelo para que façamos nossa parte e tenhamos um alegre Natal e Ano Novo. No fim do dia, o que importa são encontros como estes em família que ficará e é de suma importância. A presença um do outro é o que deve bastar.

E este é o cerne do Natal, não futricas em atritos intransigentes e divergências, muitas inconciliáveis. O foco deve ser no que nos une.

A alegria de passar mais um ano de dificuldades superadas ou ainda vivenciadas não pode ser apagada por discussões menores. Faça o seu dever cívico de votar no dia das eleições e viva a sua vida em paz e em comunhão com os seus.

Por fim, que não briguemos por política. A todos, um Feliz Natal!

Foto do Guilherme Gonsalves

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