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Agosto, o mês dos simbolismos
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Advogado, pós-graduado em Processo Penal e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É professor do Centro Universitário Estácio/Ceará e da Universidade Sete de Setembro (Uni7). Fundador do escritório Hélio Leitão e Pragmácio Advogados

Agosto, o mês dos simbolismos

Tipo Opinião

Para muitos agosto seria um mês aziago, traria má sorte. A superstição remontaria à Roma da antiguidade. Acreditavam os romanos do século I que nesse período surgia sempre um dragão nos céus, a cuspir fogo ameaçadora e perigosamente.

Em verdade, soube-se tempos depois, tratava-se da constelação de Leão, que se tornava naquela época do ano mais nítida e bela... Noutra versão, igualmente curiosa, a crendice guardaria relação com Portugal da era das grandes navegações e descobrimentos.

Em agosto partiam dali, majestosas , as caravelas e seus tripulantes em busca do novo mundo - uma das quais veio a dar com as velas nesse país hoje chamado Brasil, deixando as moças casadoiras desconsoladas, a ver navios, literalmente.

Por essas e por outras cristalizou-se no imaginário popular a ideia, que atravessa os séculos, de que o mês de agosto não traria bons ventos. Há mesmo quem, talvez por essa razão, não queira casar no "mês do desgosto". Até hoje.

Bem ao revés, para nós, brasileiros e defensores de direitos humanos, o mês de agosto é carregado de forte simbolismo e significação.

A 11 de agosto de 1827, por ato de dom Pedro, o primeiro, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brazil ( assim mesmo com z, como se escrevia à época), eram criados os cursos de Ciências Jurídicas e Sociais de Olinda e São Paulo, embrião da formação de um pensamento jurídico autenticamente nacional, inscrevendo-se a data como o Dia Nacional da Advocacia, profissão cujo exercício está indissociavelmente vinculado à assecuração de direitos, à promoção e preservação da dignidade da pessoa humana e à realização do ideal de justiça.

Já em 15 de março de 2012 deu-se a sanção pela presidente Dilma Vana Roussef da lei 12.641, de iniciativa da deputada Rose de Feitas, que em boa hora institui o Dia nacional dos Direitos Humanos, em homenagem à luta e martírio da paraibana de Alagoa Grande Margarida Maria Alves, entre nós a primeira mulher presidente de um sindicato de trabalhadores rurais, morta a tiros em presença do marido e do filho de 8 anos por sicários a soldo de grandes latifundiários daquela região dos sertões da Paraíba.

Era o dia 12 agosto de 1983, em plena ditadura militar. Decorridos 38 anos, ninguém foi responsabilizado pelo assassínio.

É agosto o mês da cor lilás, uma das cores escolhidas pelas sufragistas inglesas nos começos do século XX como símbolo das lutas pelo voto feminino, quando desponta a liderança da célebre Emmeline Pankhurst, em memória de quem se erigiu uma estátua no Victoria Tower Gardens.

A marca acabou por ser adotada para a campanha em que se dá visibilidade no Brasil, desde 2006, às ações de prevenção e combate à violência doméstica e familiar.

Não por acaso em agosto, quando foi sancionada a lei Maria da Penha, há exatos 15 anos, considerada pela ONU - Organização das Nações Unidas como uma das mais avançadas leis de prevenção e combate à violência doméstica e familiar do mundo.

Agosto, mês de dores, mas também de cores, lutas e esperanças, em que o mau agouro, se alguma vez aportou por essas bandas, não fez morada. n

 

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