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Deu no que deu
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Advogado, pós-graduado em Processo Penal e mestre em Direito Constitucional pela Universidade de Fortaleza (Unifor). É professor do Centro Universitário Estácio/Ceará e da Universidade Sete de Setembro (Uni7). Fundador do escritório Hélio Leitão e Pragmácio Advogados

Deu no que deu

Encontrei a felicidade no direito e na advocacia, onde persisto, até hoje, na certeza de que a permanente busca do ideal de justiça se encarta entre os mais nobres propósitos humanos
Sede da Faculdade de Direito da USP (Foto: USP)
Foto: USP Sede da Faculdade de Direito da USP

A 11 de agosto de 1827, por decreto baixado por sua majestade o Imperador Dom Pedro I, eram criados os primeiros dois cursos jurídicos no país há pouco independente - as Faculdades de Direito de Olinda e do Largo do São Francisco, em São Paulo - lançadas deste modo as bases da construção de um pensamento jurídico autenticamente nacional, um dos marcos fundantes da institucionalidade nascente. Não sem boa dose de razão, tem-se o agosto como o mês da advocacia.

Em meio aos eventos comemorativos do mês promovidos pela seção cearense da Ordem dos Advogados do Brasil - e foram muitos, acabei me entregando, sem resistências. Fui buscar na memória as razões de haver escolhido a advocacia como profissão. E aqui vou eu escrever sobre esse "revival", com perdão do vale dizer, a uma saborosa viagem ao passado, mais um de meus recorrentes surtos de saudosismo. anglicismo, correndo sérios riscos de acabar amolando meus leitores de cada quinzena, que nada tem a ver com as minhas recordações.

Cheguei à conclusão de que a coisa toda remonta aos bancos do Colégio Santo Inácio, única escola em que estudei. Do jardim de infância ao terceiro científico. Ali cedo despertei a paixão pelos estudos de história e geografia, o gosto pela literatura, por línguas. Eram tempos ainda em que o francês era disciplina ensinada em sala de aula. Evidenciou-se logo, clara e inequivocamente, os meus pendores para as humanidades, como se dizia.

Ao longo dos treze anos passados naquela escola, encontrei professores notáveis que me abriram o espírito e os caminhos da história brasileira e mundial, do romance e da poesia. Edson Alencar, de literatura, e Ernando (o sobrenome me escapa), de História, são dois dos muitos professores que deixaram marcas profundas na minha formação de adolescente. Queria ser culto como só eles me pareciam ser. Tornei-me um leitor compulsivo, hábito que nunca me deixou. Pudera. Afinal, a pedagogia jesuítica, com seu "Ratio Studiorum", não está para brincadeiras.

Chegada a hora da escolha sobre o curso universitário a seguir, eu, ainda tão jovem, me dividia, em dúvida angustiante, entre os cursos de História ou Letras. À vista da minha hesitação, meu pai, que sempre tão bem desempenhou o papel de pai, não deixou barato. Convencido de que eu deveria buscar profissão que fosse mais bem remunerada, entrou em campo aberto e arbitrou a parada, desempatando em favor do curso de Direito. Cedi, não sem alguma frustração, logo vencida.

Deu no que deu. Encontrei a felicidade no direito e na advocacia, onde persisto, na certeza de que a permanente busca do ideal de justiça se encarta entre os mais nobres propósitos humanos.

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