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"Não tenho nenhum problema com Lula", diz Moro em live com empresários cearenses
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

"Não tenho nenhum problema com Lula", diz Moro em live com empresários cearenses

Tipo Notícia
Ex-ministro Sergio Moro participa de live com empresários do Lide no Ceará  (Foto: Divulgação )
Foto: Divulgação Ex-ministro Sergio Moro participa de live com empresários do Lide no Ceará

Em debate organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) no Ceará, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse que não tem “nenhum problema ou sentimento pessoal negativo” em relação ao ex-presidente Lula (PT).

“Eu, da minha parte, tenho a consciência tranquila em relação aos atos que cometi... que produzi durante minha atuação como juiz”, afirmou o ex-magistrado em resposta a uma pergunta feita pelo O POVO.

Mediado por Emília Buarque, presidente da instituição, o evento recebeu o advogado Raul Amaral, o empresário Geraldo Luciano e o engenheiro Lauro Fiúza.

Ainda sobre os processos envolvendo o petista, Moro prosseguiu: “Sempre atuei segundo a lei. Decidi todos os casos da Lava Jato com base nas leis e nas provas”.

A respeito da exclusão da delação do ex-ministro Antonio Palocci aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em ação que tramita na Corte, Moro assegurou ter agido “com a pretensão de correção”.

Alvo de um pedido de suspeição no STF movido pela defesa de Lula, disse que o “empoderamento do Judiciário é decorrente de uma certa fragilidade do Congresso e do Executivo, que não conseguem assumir o papel de liderança que lhes cabe”. 

Em seguida, o ex-juiz negou que sua entrada no governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tenha sido resultado do trabalho à frente dos casos da Lava Jato na 13ª Vara Federal de Curitiba.

“Meu ingresso no Governo não tem nenhuma relação prévia com minha atuação como magistrado. Fui com absoluta boa-fé”, devolveu.

Embora tenha dito que torce pela gestão do presidente e pela permanência do ministro Paulo Guedes (Economia), o ex-juiz fez críticas a Bolsonaro. “Eu tenho expectativa de que o Governo acerte a mão. Mas tenho algumas dúvidas a respeito do real espírito reformista do Governo”, avaliou.

Como exemplo, citou “o campo da agenda anticorrupção”. Para Moro, “esse compromisso é um tanto quanto ausente no presente momento”.

Falando sem se referir diretamente a Bolsonaro, o ex-ministro também considerou que “o Executivo empoderou as pessoas erradas no parlamento e essas pessoas foram tornando o Executivo refém de suas vontades, e muitas vezes de vontades pouco republicanas”.

Nesta semana, Bolsonaro substituiu a liderança do Governo na Câmara, agora exercida pelo ex-ministro da Saúde e deputado federal Ricardo Barros, do PP.

Questionado sobre o inquérito das fake news que corre no Supremo, Moro admitiu ter sido foco de ataques nas redes com publicação de mentiras, mas ponderou sobre os limites da investigação conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes.

“Uma preocupação válida é que ele não pode desbordar para censura da liberdade expressão, da liberdade de imprensa”, opinou. “O STF entendeu que era um remédio necessário naquele específico momento, mas há uma preocupação em relação aos limites, até onde se pode ir.”

O ex-auxiliar palaciano comentou ainda a atual pandemia do novo coronavírus e marca dos mais de 100 mil mortos pela infecção no país.

“Se estivéssemos melhor preparados, teríamos tão grande número de vítimas?”, questionou. E concluiu: “A pandemia veio, para além dos efeitos maléficos, acentuar o que temos de errado, que é nosso sistema institucional disfuncional e caótico. Acho que nós perdemos tempo como país”.

Sobre a possibilidade de disputar eleições em 2022, foi econômico: “Tem um velho ditado que diz: ‘Pedra que rola não cria limo’. Estou falando como um cidadão comum. As pessoas especulam muito sobre o que vou fazer. Nem eu mesmo sei o que vou fazer. Preciso seguir a minha vida”.

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