Logo O POVO+
O que significa a entrada de Bolsonaro nas eleições de Fortaleza
Foto de Henrique Araújo
clique para exibir bio do colunista

Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

O que significa a entrada de Bolsonaro nas eleições de Fortaleza

Tipo Análise
EM LIVE após entrega da reforma Bolsonaro reafirmou que PEC não se aplica aos atuais servidores (Foto: Carolina Antunes/Presidência da República)
Foto: Carolina Antunes/Presidência da República EM LIVE após entrega da reforma Bolsonaro reafirmou que PEC não se aplica aos atuais servidores

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entrou na disputa pela Prefeitura de Fortaleza. Sua declaração de apoio a Capitão Wagner (Pros), a quem chamou apenas de “Capitão”, nacionaliza de vez um pleito que já tinha fortes componentes extra-locais, como a presença dos irmãos Cid e Ciro Gomes, ambos do PDT.

Derrotá-los, portanto, agora é parte do projeto de Bolsonaro, cujos principais apoiadores na capital cearense são também anti-ciristas, como o próprio Wagner, Delegado Cavalcante (PSL) e André Fernandes (Republicanos).

A pergunta que se faz é: Wagner ganha ou perde com a adesão declarada de Bolsonaro? É possível que um pouco de cada.

Candidato ao Paço pela segunda vez, o deputado federal fez um trabalho persistente para se descolar da agenda de segurança. Hoje, sua agenda inclui saúde, cultura, emprego e lazer.

Entre os parlamentares cearenses do “centrão”, foi também o que menos acompanhou a pauta do Governo Federal na Câmara. Na votação da reforma da Previdência, por exemplo, foi contra. Nesses dois anos desde que se elegeu deputado e Bolsonaro presidente, manteve uma distância precavida do chefe do Executivo.

Embora as forças bolsonaristas convirjam para o seu nome na cidade, Wagner fez poucos movimentos enfáticos para atraí-las. Deixou-se fotografar com Carla Zambelli (PSL) e reuniu-se com Fernandes, inimigo do também concorrente Heitor Freire (PSL), a quem Bolsonaro xinga de “cara de pau” no mesmo vídeo em que anuncia apoio ao representante do Pros.

Fora isso, os grupos conservadores aterrissaram em sua campanha por força gravitacional e por entender que o candidato é o caminho mais rápido para derrotar os Ferreira Gomes no Ceará. Pensam em 2020, mas também em 2022, quando o próprio presidente estará no ringue para a reeleição.

Mas Wagner também arrisca perder exatamente porque o apoio presidencial o carimba com a marca de Bolsonaro, que já havia antecipado primeiro que não encamparia ninguém e, depois, que apoiaria poucos nomes. O capitão é um deles.

Numa cidade como a Capital, onde o então candidato Bolsonaro sequer teria ido ao segundo turno, esse carimbo pode eventualmente se transformar em fardo. Vai depender de como Wagner lide com essa declaração e de como o eleitor o veja.

Para seus adversários, principalmente José Sarto (PDT) e Luizianne Lins (PT), a tarefa de ligar Wagner a Bolsonaro fica mais fácil a partir deste momento. Eles o farão?

Afinal, se Bolsonaro era impopular em Fortaleza em 2018, a situação hoje é diferente. Embalado no auxílio emergencial, o presidente cresceu, principalmente no Nordeste. Logo, vincular Wagner ao presidente pode se voltar contra quem adotar essa estratégia como arma.

Foto do Henrique Araújo

Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?