O POVO/Datafolha: Wagner parou de cair e Sarto, de crescer
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
A quatro dias das eleições, a nova rodada da pesquisa O POVO/Datafolha é boa para Capitão Wagner (Pros) e José Sarto (PDT) e ruim para Luizianne Lins (PT), que oscilou negativamente mais três pontos e passou de 18% para 15% nas intenções de voto. O resultado coloca a petista praticamente fora do segundo turno em Fortaleza.
Já Wagner e Sarto oscilaram um ponto percentual para cima. Enquanto o candidato do Pros foi a 30%, mantendo-se numericamente na liderança da corrida à sucessão, o do PDT alcançou 27%.
Pela primeira vez desde o início da série de levantamentos do Datafolha na campanha eleitoral, Sarto não cresceu. Também pela primeira vez desde a rodada inicial de sondagens, realizada em 14 e 15 de outubro, Wagner ganhou ponto – ainda que dentro da margem de erro, que é de 3%.
O quadro mostrado pela sondagem é de aparente estabilidade, portanto. Wagner parou de cair e Sarto, de crescer, após três rodadas em que o pedetista foi de 15% a 22% e daí a 26%, chegando agora a 27%.
Nesse mesmo intervalo, Wagner foi de 33% a 31% e depois a 29%, obtendo neste momento 30%.
Conclusões possíveis: de um lado e de outro, as estratégias adotadas no primeiro turno se esgotaram. Da parte de Sarto, o trunfo do motim da Polícia Militar atingiu um teto de desgaste além do qual vai ficar mais difícil usá-lo com eficácia a fim de tirar pontos do adversário.
Em relação a Wagner, a tática de associar Sarto aos Ferreira Gomes talvez já tenha se exaurido. Insistir nela não deve lhe assegurar ganho real, salvo como possível meio para atrair eleitores de Luizianne Lins (isso é assunto para outra análise, uma vez que o capital da ex-prefeita é crucial nessa briga).
Os dois candidatos que lideram em Fortaleza têm agora o desafio de montar seu arsenal retórico a partir de outras referências ou potencializando as antigas.
Para Sarto, é possível que repisar o motim da PM e vinculá-lo a Wagner ainda produza algum estrago no segundo turno, mas apenas isso não será suficiente, sobretudo porque a etapa seguinte dá-se em igualdade de condições: o mesmo tempo para os dois contendores.
No caso de Wagner, a missão é explorar novos temas e fragilidades do oponente num momento em que o nome do Pros saiu das cordas e pode começar a respirar. E, a julgar pelas últimas transmissões ao vivo nas redes sociais de Wagner, o candidato parece ter encontrado o assunto capaz de fustigar Sarto.
Caso se confirmem as projeções do Datafolha e o pedetista esteja no segundo turno, um fator, no entanto, deverá pesar a seu favor: a presença ostensiva do governador Camilo Santana (PT) na disputa.
Se no primeiro turno Camilo antagonizou Wagner, roubando protagonismo do próprio representante do PDT na sucessão e surgindo em momentos-chave para acuar o postulante da oposição, no segundo esse papel do chefe do Abolição deve se tornar sistemático.
Wagner tem estratégia para isso? E Sarto, tem resposta pronta para ser confrontado sobre o caso TV Manchete? É o que vamos descobrir.
Diferentemente do primeiro turno, o segundo terá ao menos quatro debates entre os dois participantes. Não faltarão oportunidades para que essas táticas sejam testadas.
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