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O papel de Camilo nas eleições para a Prefeitura de Fortaleza
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

O papel de Camilo nas eleições para a Prefeitura de Fortaleza

Tipo Análise
Governador Camilo Santana discursa no plenário da Assembleia Legislativa na abertura dos trabalhos em fevereiro de 2019 (Foto: Paulo Rocha / Divulgação ALCE)
Foto: Paulo Rocha / Divulgação ALCE Governador Camilo Santana discursa no plenário da Assembleia Legislativa na abertura dos trabalhos em fevereiro de 2019

O apoio do governador Camilo Santana (PT) a José Sarto (PDT) estava precificado, é verdade, mas carecia de anúncio oficial que o convertesse em ato político, feito hoje pelo petista sem meias palavras.

Mas, além de se declarar Sarto e pedir voto diretamente ao candidato, o que pode Camilo? Qual o peso de sua entrada no jogo da disputa em Fortaleza neste segundo turno?

Já na primeira etapa, o petista vinha se equilibrando entre críticas a Capitão Wagner (Pros), alvo de suas falas desta segunda-feira, 16, e um apoio mal disfarçado ao representante do PDT, embora o PT tivesse uma postulante.

Nesse período, foi à carga inúmeras vezes. De líder de motim a candidato do Bolsonaro, despejou seu arsenal à vontade, mantendo o concorrente republicano sob pressão durante quase todo o tempo.

Esse cenário só se alterou na reta final, quando o assunto amornou e Wagner contragolpeou com o caso da TV Manchete e o áudio do deputado estadual Bruno Gonçalves (PL). Ao mesmo tempo, Luizianne Lins (PT) também passou a queixar-se de ataques desleais da campanha pedetista, o que pode ter colaborado para que Camilo se recolhesse.

Mas agora é outra história. O primeiro turno acabou, e é hora de “olhar para o futuro”, como disse Camilo depois de repetir mais ou menos tudo que já dissera sobre Wagner nos últimos 45 dias. Repisou críticas, mas, sobretudo, enfatizou a aliança com Sarto.

Esse gesto se inscreve no duplo papel que o chefe do Abolição terá daqui para frente: o de cabo eleitoral e o de articulador, nos bastidores, de eventuais apoios que Sarto possa receber.

Desimpedido, Camilo atua mais avançado, sem amarras legais como as que tinha no primeiro turno. É popular e opera em função de um projeto do qual depende inclusive o seu próprio futuro político em 2022, quando deixará o Governo do Estado e decidirá sobre os passos seguintes, se o Senado ou plano mais ambicioso.

É esse porvir que se joga neste momento. Para Camilo e o bloco governista, tudo depende de uma vitória em Fortaleza. O ingresso do governador para valer na cena de disputa carrega o sentido de urgência de um combate contra forças que, logo mais, dentro de dois anos, voltarão cruzar o caminho do petista.

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