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"A oposição renasceu no Ceará", afirma Wagner após resultado em Fortaleza
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

"A oposição renasceu no Ceará", afirma Wagner após resultado em Fortaleza

Tipo Notícia
FORTALEZA, CE, BRASIL, 29.11.2020:  Capitão Wagner (PROS) no comite do PSC para coletiva do 2 turno de Fortaleza. (Aurelio Alves/O POVO) (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves FORTALEZA, CE, BRASIL, 29.11.2020: Capitão Wagner (PROS) no comite do PSC para coletiva do 2 turno de Fortaleza. (Aurelio Alves/O POVO)

Embora não tenha sido eleito prefeito de Fortaleza nas eleições de 2020, o deputado federal Capitão Wagner (Pros) comemorava neste domingo, 29. Cercado de apoiadores em seu comitê logo depois de anunciado o resultado que alçou José Sarto (PDT) ao cargo de chefe do Executivo municipal, o republicano declarou: “A oposição renasceu no Ceará”.

Wagner se referia não apenas aos 624.892 votos conquistados contra o pedetista, que obteve 668.652 – uma diferença de 43.760 ou 3,38% entre os adversários, que terminaram com 48,31% e 51,69%, respectivamente.

Entre os sucessos da oposição, o prefeiturável do Pros falava principalmente da vitória do deputado estadual e correligionário Vitor Valim em Caucaia, segundo maior colégio eleitoral do estado, derrotando Naumi Amorim (PSD). Mas também de Gledson Bezerra (Podemos) em Juazeiro do Norte e de Roberto Pessoa (PSDB) em Maracanaú.

“Das cinco maiores cidades do Ceará, a gente venceu em quatro: Caucaia, Juazeiro do Norte, São Gonçalo do Amarante e Maracanaú. E aqui tivemos metade dos votos. Estou muito feliz, a gente sai muito fortalecido desta eleição”, destacou.

Esse cenário o credencia automaticamente para concorrer ao Governo do Estado em 2022? “É muito cedo para avaliar isso. Logicamente que, no calor do resultado de uma eleição como essa, muita coisa passa pela nossa cabeça”, disse. E citou como exemplo os aliados, que “já estavam cochichando e falando de 2022”.

Segundo Wagner, porém, há outros personagens em cena além dele quando se pensa o próximo pleito. “Hoje a gente tem muitas peças no xadrez a serem usadas em 2022. Eduardo Girão, eu, Roberto Pessoa, Kamilla (Cardoso, candidata a vice na chapa)”, enumera. Contudo, não descarta candidatura novamente.

“Tem muita gente boa”, continua o deputado. “Nosso time sai fortalecido. Nós tínhamos três vereadores e saímos agora com cinco. Tínhamos também poucos prefeitos e agora temos quatro prefeituras fortes.”

Questionado acerca dos próximos passos a partir de agora, Wagner revelou que vai descansar com a família e projetar o futuro. De imediato, há o mandato na Câmara dos Deputados e a organização do campo oposicionista no estado.

Sobre o desfecho eleitoral em Fortaleza, o parlamentar admite que esperava uma briga acirrada, mesmo com as projeções dos institutos de pesquisa indicando larga vantagem de Sarto – uma delas, do Ibope, chegou a apontar vantagem de 22 pontos percentuais a favor do nome do PDT.

“Sabia que, se a gente vencesse, seria por poucos votos e se ele vencesse, seria por poucos votos. Lamentavelmente, os institutos de pesquisa influenciaram quando colocaram 22 pontos percentuais de diferença para o outro candidato”, criticou.

Para o ex-candidato, essas sondagens causaram dano a seu desempenho na corrida eleitoral num momento decisivo. “Lá em Caucaia foi a mesma coisa, 24 pontos de diferença. É vergonhoso. O que acontece na véspera da eleição logicamente influencia aquelas pessoas que querem votar no candidato vencedor”, falou.

Há, no entanto, outras dificuldades mencionadas por Wagner na dura missão de tentar se eleger gestor da Capital. “Tenho que lembrar: disputamos uma eleição contra o poder econômico, contra todos os caciques políticos do estado do Ceará e contra caciques que vieram de outros estados”, conta.

Um deles foi Flávio Dino, governador do Maranhão filiado ao PCdoB e potencial candidato à Presidência em 2022. Outro foi Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e também forte interessado na próxima disputa presidencial. Ambos, Dino e Maia, gravaram vídeo de apoio a Sarto, que atraiu sete legendas derrotadas no primeiro turno para o seu arco de aliança, totalizando 17 partidos.

“Então foi muita pancada e muita liderança do lado de lá, muito tempo de TV, muito dinheiro, e aqui a gente tinha o carinho da população. Os políticos estavam lá e o povo estava aqui”, assegura. O saldo considerado por ele, portanto, é positivo: “Para mim, é uma alegria grande continuar com nosso nome sendo acreditado por metade da população de Fortaleza”.

E, antes de terminar, se dirigiu a Sarto: “Desejo boa sorte ao candidato vitorioso. Lá em Brasília, enquanto deputado, o que puder fazer para ajudar o Ceará e a cidade de Fortaleza, farei. Desejo que ele tenha condição de conquistar a metade da população que ele não conquistou durante a campanha. Até porque, para gerir a cidade, vai ter que gerir para todos”.

Capitão questiona pesquisas

Em seu discurso de derrota, Capitão Wagner (Pros) atribuiu o resultado à influência das pesquisas eleitorais e disse que houve "má-fé e falta de técnica" por parte dos institutos. Durante a noite de ontem, mesmo após vitória já definida para José Sarto Nogueira (PDT), ele se pronunciou à imprensa somente após 100% da urnas apuradas.

A coletiva ocorreu às 19h30, na sede do partido, situada na Parquelândia. No local, o clima era de tranquilidade, sem eleitores. O candidato apareceu ao lado da vice, Kamila Cardoso, senador Eduardo Girão (Podemos) e alguns apoiadores.

Ao avaliar o resultado, afirmou que "se houvesse clareza do nosso crescimento nas pesquisas, muitas pessoas teriam se impulsionado a votar e acreditar na nossa vitória". "Uma pesquisa que mostra 61% a 39%, quando foi 51% a 48,5%, demonstra uma má-fé e falta de técnica do instituto. Praticamente um crime", acrescentou.

O Capitão criticou, também, os levantamentos de Juazeiro do Norte, São Gonçalo e Caucaia, e destacou a necessidade de reavaliar a metodologia aplicada. Questionado se o apoio de Bolsonaro (sem partido) teve algum impacto, descartou a possibilidade. "Acredito que não. As pessoas me conhecem o suficiente para saber que eu tenho uma história de 10 anos em Fortaleza, jamais ia apontar minha derrota por conta de uma pessoa que declarou apoio para mim. A gente tem de reconhecer que a população optou pelo outro candidato", asseverou. (Bruna Damasceno)

 

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