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Camilo e uma saia-justa para o PT em Fortaleza
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Camilo e uma saia-justa para o PT em Fortaleza

Tipo Análise
Governador Camilo Santana é indicado pelo PT à disputa ao Senado (Foto: FCO Fontenele)
Foto: FCO Fontenele Governador Camilo Santana é indicado pelo PT à disputa ao Senado

O PT tem uma saia-justa a contornar em Fortaleza na próxima terça-feira, 29, quando o partido deve decidir se fará oposição a José Sarto (PDT) ou se embarcará na gestão do pedetista, apoiando-a. É uma encruzilhada para a legenda.

Por duas razões: se entender que o papel que lhe cabe é de opositor, o PT fará isso sabendo que o vice-prefeito Élcio Batista é indicado pelo governador petista Camilo Santana.

Logo, o PT faria oposição a uma administração da qual um dos seus principais nomes no Estado, Camilo, é parte – e não qualquer parte, mas aquela responsável pelo vice na chapa.

Em sentido contrário, aderir a Sarto e compor o futuro governo não é uma solução menos problemática para a sigla, que trilha o caminho da oposição na capital cearense desde que Roberto Cláudio (PDT) derrotou Elmano de Freitas (PT) em 2012, naquela eleição que é ainda hoje espinho atravessado na garganta de muito petista.

A situação só se agravou ainda mais com a animosidade entre Ciro e Cid Gomes e figuras da legenda, como o ex-presidente Lula e a atual presidente Gleisi Hoffmann, deputada federal. A campanha de Sarto a prefeito deu sua cota de azedume a uma relação já avinagrada.

Não por acaso, rumores sobre a saída de Camilo do PT começaram a surgir exatamente nas vésperas da decisão. É um aviso a todas as partes.

Camilo quer um partido para chamar de seu, e essa legenda não é o PT. O PDT quer uma sigla aliada com força nos estados para 2022, pensando na disputa pela Presidência, mas também nos governos estaduais – e esse parceiro, definitivamente, não é o PT.

A saída de Camilo, portanto, resolveria dois problemas: o PDT ganharia o apoio irrestrito do governador, que passaria a ter uma legenda integralmente sob o raio de influência, o PSB de Élcio Batista.

Como se vê, a reunião de terça que vem pode significar apenas os rumos que a legenda vai tomar no legislativo em Fortaleza, mas esses rumos, a depender de para onde se encaminhem, podem acentuar ou amenizar o distanciamento que existe hoje entre Camilo e o seu endereço partidário.

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