Anulação das condenações de Lula é terremoto político no cenário de 2022
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
A anulação das condenações do ex-presidente Lula nas investigações da Lava Jato é um terremoto político que altera significativamente o panorama local e nacional imediato e provoca um rearranjo de forças que se preparam para 2022.
Primeiro, a entrada do petista tende a consolidar a polarização já constatada por pesquisas de opinião, que mostram uma divisão entre o bolsonarismo e o lulismo no país.
Segundo, estreita ainda mais o campo para atuação de um bloco de centro, capitaneado seja por quem for, de Ciro Gomes (PDT) a Luciano Huck.
À esquerda, caso Lula seja candidato e não Fernando Haddad (PT), o que parece ser a tendência, é possível que outras siglas do mesmo campo sejam automaticamente galvanizadas para o entorno do ex-presidente, a quem caberia agora as costuras de uma articulação.
Isso limitaria o número de legendas que estariam livres para uma adesão não alinhada a esses dois polos, ou seja, para engajamento numa candidatura como as de Ciro, Huck ou, consideremos, Sergio Moro.
Logo, essa terceira via teria mais dificuldade para se firmar. Impossível? Não, apenas com um caminho mais acidentado.
Por outro lado, a natureza da decisão de Edson Fachin, se mantida, priva o ex-presidente de esgrimar como argumento a suspeição de Moro, já que esvazia o julgamento da Segunda Turma do STF que avaliaria a questão.
Lula estaria no jogo, mas não teria derrotado totalmente seus adversários políticos.
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