Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
O ministro Paulo Guedes é o brasileiro mais feliz e bonito do País depois de Rodrigo Hilbert. PG, me permito chamá-lo assim, cresce progressivamente, enquanto a maioria de nós é pura estagnação, quando não descarado retrocesso, e por onde se olha há um déficit de tudo, de comida ao combustível.
Mas, vejam só, PG é feliz naturalmente, na bonança e na escassez (principalmente na escassez). É quando o prato míngua e a carestia campeia sem freios de norte a sul que PG se regozija, exulta e, embevecido diante da bomba marcando sete reais o litro e da bandeja de patinho espetando 50 reais, diz: parla!
Um renascentista às avessas, PG vê sua obra em toda parte, da sopa de osso à gordura de boi e ao pé de frango, que substituem a carne na mesa, mas por puro gosto e adesão às suas ideias. Jamais por falta de dinheiro.
Da inflação à exorbitância do real em relação ao dólar, do desemprego à fuga de capitais e fechamento de empresas, porém, nada o desanima. Pelo contrário, as pioras sucessivas de cenário ensejam sempre o melhor de PG, que se esmera em declarações que soam provocativas. São, contudo, apenas otimistas num sentido próprio.
Sim, PG produz aleivosias e pérolas do bem pensar como uma usina da Petrobras na bacia de Campos, mas não se diga que é uma pessoa infeliz. Não é. A economia crescendo em V de "volta que deu errado" não o abate. Mesmo a perspectiva de furar o teto tem lá seu lado bom, ele pensa.
Um teto todo meu, diz PG, antevendo as estrelas vistas por cada buraquinho deixado a cada vez que o chefe vai furá-lo no ano que vem.
Mas PG é maior que isso. Maior que o PIB frustrado. Maior que tudo, inclusive maior que Hilbert. O marido de Fernanda Lima faz casa de madeira, abate animais para consumo próprio e customiza sua própria vacina contra a Covid (fake news). Mas apenas PG vem revolucionando os hábitos alimentares e de transporte do brasileiro.
Antes dependente de carne, frango e peixe, o nativo descobre agora o miojo e outras iguarias cujo principal ganho não está na escala de nutrientes, mas na da simples sobrevivência - comem-no para não morrer.
Também no quesito mobilidade o ministro aplica cartilha disruptiva, impondo criteriosamente a estratégia do aumento da gasolina para obrigar o consumidor nacional a valorizar mais outros modais, tais como bicicleta e os próprios pés.
E se uma empregada salta do prédio porque a patroa a fazia de escrava doméstica, PG não vê nisso uma tragédia social, mas o potencial olímpico dessa atleta e a perspectiva de medalha nas Olimpíadas de Paris.
Nunca antes na história tantos brasileiros andaram ou cozinharam com fogão a lenha, valorizando hábitos mais simples e saudáveis. Isso é obra de PG, cuja capacidade de falar besteira se expande em progressão geométrica.
Política como cenário. Políticos como personagens. Jornalismo como palco. Na minha coluna tudo isso está em movimento. Acesse minha página
e clique no sino para receber notificações.
Esse conteúdo é de acesso exclusivo aos assinantes do OP+
Filmes, documentários, clube de descontos, reportagens, colunistas, jornal e muito mais
Conteúdo exclusivo para assinantes do OPOVO+. Já é assinante?
Entrar.
Estamos disponibilizando gratuitamente um conteúdo de acesso exclusivo de assinantes. Para mais colunas, vídeos e reportagens especiais como essas assine OPOVO +.