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Encontro do PDT escancara preferências por Izolda e Roberto Cláudio
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Encontro do PDT escancara preferências por Izolda e Roberto Cláudio

Izolda fez fala centrada na segurança e na educação, vitrine da gestão pedetista sobre a qual ela, mais que qualquer outro, tem propriedade para falar. Na parte da tarde, foi a vez de RC, que se apresentou à vontade no figurino de candidato, o que, por si, diz bastante coisa
Tipo Análise
FORTALEZA, CE, BRASIL, 15.06.2022: Izolda Cela, governadora do Ceará e demais autoridades do PDT. Convenção do PDT. hotel Mareiro.    (fotos: Fabio Lima/O POVO) (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA FORTALEZA, CE, BRASIL, 15.06.2022: Izolda Cela, governadora do Ceará e demais autoridades do PDT. Convenção do PDT. hotel Mareiro. (fotos: Fabio Lima/O POVO)

O encontro regional do PDT no Ceará deixou evidente o que já era bastante claro para quem vem acompanhando essa valsa: dentro do partido, as atenções se dividem entre a governadora Izolda Cela e o ex-prefeito Roberto Cláudio, ambos cotados para representarem o grupo governista na disputa pelo Abolição em 2022.

No evento, Izolda fez fala centrada na segurança e na educação, vitrine da gestão pedetista sobre a qual ela, mais que qualquer outro, tem propriedade para falar. Na parte da tarde, foi a vez de RC, que se apresentou à vontade no figurino de candidato, o que, por si, diz bastante coisa.

Antes mesmo dos discursos, Carlos Lupi, presidente nacional do partido, fez questão de reafirmar apoio a Roberto Cláudio, ressalvando que se tratava de “opinião pessoal” – como se a opinião do dirigente da legenda, dada em encontro tão importante, fosse coisa trivial e não apontasse aonde os trabalhistas pretendem ir.

Transmitida pelas redes, a agenda da sigla, originalmente criada para dar tração à pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência, interessava menos pelo contexto nacional do que pelos sinais emitidos pela cúpula pedetista sobre os rumos no estado.

E o que os sinais mostraram? Que, salvo alguma eventualidade, uma mudança brusca de cenário ou um recuo do PT ou do PDT que indique possibilidade de entendimento, o nome hoje trabalhado para o Governo é o de RC.

Difícil supor outra saída que não essa, por vários motivos, entre os quais porque talvez petistas e pedetistas já tenham passado daquele ponto após o qual não é possível mais desdizer o dito e desfazer o feito.

Está tudo ali, ainda que digam que só devem definir o escolhido na primeira quinzena de julho e que, até lá, de acordo com Ciro, “nós vamos apurar a opinião pública e ver qual foi aquele, entre os mais qualificados que são esses quatro, que melhor foi aceito pela população, e esse será indicado aos colegas aliados”.

Não é que o método seja desinteressante, só nunca foi prioritário nos processos decisórios do grupo de Ciro e Cid no Ceará em quase duas décadas. Roberto Cláudio (2012), Camilo Santana (2014) e José Sarto (2020) não se tornaram candidatos porque “ganharam o povo”, numa gincana de popularidade, mas porque foram ungidos.

O curioso é agora, num momento em que as energias dentro do PDT se canalizam para Izolda Cela e RC e as posições se explicitam, o filtro da “opinião pública” (sempre muito subjetivo) seja apresentado como um parâmetro importante para determinar o representante da aliança governista.

Se pudesse arriscar um palpite, diria que os irmãos FG começaram a esboçar nesta quarta-feira, 15 de junho, o discurso que deve balizar a escolha de Roberto Cláudio ou de outro candidato que não Izolda, nome defendido por Camilo e pelo PT no Ceará.

Foto do Henrique Araújo

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