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Bastidores da reunião do PT que expulsou Ronivaldo Maia
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

Bastidores da reunião do PT que expulsou Ronivaldo Maia

Havia duas teses na mesa: uma que preconizava a expulsão de Ronivaldo e outra, que tinha apoio de parlamentares do PT, que pretendia aplicar-lhe pena mais leve
Tipo Análise
RONIVALDO está em liberdade desde fevereiro, após concessão de habeas corpus (Foto: Érika Fonseca)
Foto: Érika Fonseca RONIVALDO está em liberdade desde fevereiro, após concessão de habeas corpus

Era possível ouvir da calçada: “O PT não tolera violência contra a mulher”, dizia uma filiada que compunha o diretório estadual da legenda, reunido desde as 15 horas para votar o parecer que propunha a expulsão do vereador Ronivaldo Maia, réu por tentativa de feminicídio.

Mesmo de portas fechadas, era constante o fluxo de petistas. Ao telefone, discutiam estratégias e antecipavam cenários possíveis.

Havia duas teses na mesa: uma que preconizava a expulsão de Ronivaldo e outra, que tinha apoio de parlamentares do PT, que pretendia aplicar-lhe pena mais leve.

Um dos momentos mais tensos da noite se deu com a apresentação de um relatório alternativo ao que já havia sido preparado pela Comissão de Ética do partido, cujo entendimento era pela desfiliação de Ronivaldo.

De autoria de Raimundo Ângelo, o Raimundinho, o documento foi duramente criticado e a sugestão de votá-lo, classificada como uma manobra para livrar o vereador. Na prática, ele postulava substituir a expulsão por uma suspensão, válida até janeiro de 2025, impedindo Ronivaldo de concorrer às eleições municipais pelo PT.

Era uma solução intermediária sacada na hora e que acabou pegando uma ala petista de surpresa. A proposta de também colocar em votação esse segundo parecer acabou sendo vitoriosa, e o texto de Raimundinho foi apreciado pelos cerca de 60 membros que participavam (online e presencialmente) da reunião, juntamente com o relatório da Comissão de Ética.

Submetidos ao crivo do diretório, cada um dos relatórios obteve 26 votos, totalizando 52. Coube ao presidente estadual do PT, Antonio Filho, o Conin, o voto decisivo pela expulsão de Ronivaldo.

Do lado de fora, uma petista comentou: “Nós ganhamos”. Segundo ela, haviam sido horas muito duras, com a exposição pormenorizada do caso e leitura de documentos, entre eles o laudo médico que detalhava as escoriações no corpo da vítima.

“Acho que devíamos uma satisfação à sociedade. O PT tem uma história muita longa de luta e de enfrentamento contra a violência”, concluiu.

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