Entenda a escalada da crise que pode terminar em ruptura entre PT e PDT no Ceará
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Entenda a escalada da crise que pode terminar em ruptura entre PT e PDT no Ceará
Desde o dia 15/6 e mesmo antes disso, Cid tem sido o grande ausente do debate. Enquanto a aliança se desfaz publicamente, o senador ainda não foi visto tentando intermediar qualquer diálogo entre as forças governistas
No dia 15 de junho, data do encontro regional do PDT, lideranças da legenda se encontraram em Fortaleza. No evento, o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi, declarou preferência pelo nome do ex-prefeito Roberto Cláudio na disputa pelo governo do Ceará entre os quatro postos pelo partido.
Além de RC, estão no páreo a governadora Izolda Cela, o deputado federal Mauro Filho e o deputado estadual Evandro Leitão.
O evento partidário, que pretendia demonstrar unidade, azedou de vez o clima dentro e fora do PDT, estendendo-se aos aliados. Entre pedetistas, houve queixas de deputados encabeçadas por Leitão, que classificou a manifestação de Lupi a favor de RC como desrespeitosa.
Depois disso, o próprio Lupi rebateu o correligionário, fazendo a temperatura se elevar um tanto mais ao apontar que Leitão havia se ausentado do encontro antes do horário – o presidente da Assembleia Legislativa (AL-CE) chegou ao evento acompanhado de Izolda e deixou a agenda antes do final.
Após dias de tensão, a bancada estadual pedetista se reuniu e publicou uma nota na qual reafirmava apoio à pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência. O mesmo movimento foi feito pela bancada de deputados federais da agremiação trabalhista, com elaboração de nota com igual teor.
Em 28 de junho, Ciro se encontrou com os pré-candidatos do PDT em Fortaleza e anunciou que o partido havia contratado uma pesquisa de intenção de voto, que serviria de instrumento na escolha do representante do grupo na eleição para governador.
Os partidos aliados, tais como PT, MDB, PP e PV, que já vinham pressionando o PDT por abertura de diálogo e fazendo uma defesa pública do nome de Izolda, passaram a criticar o método anunciado por Ciro.
Para eles, a pesquisa, que naturalmente mostraria Roberto Cláudio à frente, não poderia funcionar como parâmetro único para a definição do nome do cabeça de chapa da aliança.
O levantamento mostrou de fato dianteira de RC em relação a Izolda em cenários nos quais enfrentavam Capitão Wagner (União Brasil), mas com rejeição 14 pontos mais alta do que a da governadora. Conhecidos os números, a ala do PDT ligada ao ex-prefeito lançou ofensiva para que RC fosse o nome a ser endossado por todos.
Na última quinta-feira (7), porém, cinco partidos da aliança (PT, PV, PCdoB, PV e PP), em conversa na capital cearense, divulgaram documento no qual defenderam a candidatura de Izolda e cobraram abertura no processo para serem ouvidos, minimizando a pesquisa.
Outros dois partidos – PSDB e Republicanos –, embora não tenham assinado a nota conjunta, se manifestaram na mesma direção, sugerindo que a governadora tem direito de se candidatar à reeleição e pleiteando espaço na escolha do postulante.
Na sexta-feira, 8, Ciro, em entrevista a um podcast, referiu-se a Camilo Santana (PT) como um possível ex-aliado. Antes disso, entre quinta e sexta-feira, parlamentares próximos de Ciro já haviam criticado o ex-governador, direta ou indiretamente. Entre eles Leônidas Cristino, ex-prefeito de Sobral.
Outro que também foi às redes cobrar Camilo pessoalmente foi Ferruccio Feitosa, ex-secretário de Cid Gomes e de Camilo e hoje parte da gestão do prefeito José Sarto.
Horas após o petista, pelas redes, defender enfaticamente o direito de Izolda se candidatar a novo mandato à frente do Abolição, Ferruccio comentou nas postagens de Camilo, citando possível ingratidão do ex-governador em relação ao grupo de Ciro e Cid Gomes.
Desde o dia 15/6 e mesmo antes disso, Cid tem sido o grande ausente do debate. Enquanto a aliança se desfaz publicamente, o senador e ex-governador, padrinho da candidatura de Camilo em 2014, ainda não foi visto tentando intermediar qualquer diálogo entre as forças governistas.
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