Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Por 4 votos a 3, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) decidiu nesta terça-feira (30) cassar a chapa do PL de deputados estaduais por fraude à cota de gênero, mas livrou de qualquer responsabilidade o prefeito do Eusébio Acilon Gonçalves, presidente do diretório estadual da legenda.
Pelo resultado, perdem o mandato Carmelo Neto, Alcides Fernandes, Silvana Oliveira e Marta Gonçalves. Ainda cabe recurso tanto ao TRE-CE quanto ao TSE.
Dos quatro parlamentares, Carmelo é o opositor mais vocal ao governador Elmano de Freitas (PT). É ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e cotado para concorrer à Prefeitura de Fortaleza em 2024.
Marta Gonçalves, ex-vereadora, é casada com Acilon, dirigente do PL, mas cuja atuação a decisão do tribunal curiosamente não alcançou.
Ou seja, os alvos foram os quatro eleitos pelo partido, e não quem efetivamente é responsável pela montagem da chapa e distribuição dos recursos do fundo partidário entre quem tinha mais ou menos potencial de votos.
Silvana Oliveira é deputada reeleita e única que não chegou ao parlamento na onda do bolsonarismo.
Alcides, que é pastor, é pai do deputado federal André Fernandes (PL), a quem deve sua votação.
Caso a cassação se confirme no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a oposição a Elmano terá sofrido duro golpe numa casa legislativa já dominada hoje pelo governismo e habituada a votações relâmpago nas matérias de interesse do Abolição.
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