Críticas a Camilo, eleição em Fortaleza e tensão Cid x Ciro: bastidores da reunião do PDT
Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.
Críticas a Camilo, eleição em Fortaleza e tensão Cid x Ciro: bastidores da reunião do PDT
Um dos alvos principais de Ciro Gomes, presente ao encontro da executiva nacional do PDT, o ministro Camilo Santana (PT) foi acusado pelo ex-aliado de "cooptar pedetistas"
A reunião do PDT que decidiu pela abertura do processo de intervenção no diretório do Ceará e pelo afastamento de Cid Gomes do comando local foi mais tensa do que se imagina.
Um dos alvos principais de Ciro Gomes, presente ao encontro da executiva nacional do partido, o ministro Camilo Santana (PT) foi acusado pelo ex-aliado de “cooptar pedetistas” e de querer “instaurar uma ditadura no estado”, segundo relato de um dos participantes da agenda, na última sexta-feira, 27, no Rio de Janeiro.
Outro choque de Ciro foi com o deputado estadual Osmar Baquit, inclusive com menção a familiares do parlamentar, que rebateu os ataques do correligionário.
Quando Baquit tomou a palavra, contou um integrante da sigla, o ex-presidenciável teria sugerido que ele “tivesse cuidado” com o que diria, ao que o deputado respondeu que Ciro o estaria “intimidando”.
O entrevero mais acirrado, contudo, foi de fato entre os irmãos Cid e Ciro. Sentados praticamente nos extremos da mesa, no centro da qual se encontravam Carlos Lupi e André Figueiredo, ambos se manifestaram durante a assembleia, que terminou por destituir o senador da direção do PDT.
Já perto do final das discussões, e com a intervenção prestes a ser aprovada pelo colegiado, Cid se pronunciou novamente, agora num ambiente de maior tensão.
Ciro, então, levantou-se da cadeira e afirmou “que não precisava ouvir aquilo”, deixando o espaço. Antes, declarou que o senador “já não era mais um homem de vergonha”.
Conforme outra fonte, Ciro teria passado rente à cadeira de Cid, que estava em pé ao microfone. Não houve qualquer sinal de disposição para confronto físico, como se chegou a noticiar, mas os Ferreira Gomes sequer se olharam.
Tese defendida pelos cidistas
Duas teses se confrontaram ao longo dos debates de sexta-feira: a do bloco “cidista” e a dos “ciristas”, ao qual se alinhavam o ex-prefeito Roberto Cláudio, o ministro e presidente nacional licenciado Carlos Lupi e o próprio Figueiredo, comandante interino do partido.
Da parte dos ciristas, a intervenção no Ceará se impunha como medida drástica em virtude da incapacidade do diretório local em solucionar pacificamente uma crise que já se arrastava havia muito tempo. De RC a Lupi, todos teriam postulado esse argumento.
Do lado cidista, a proposta era respeitar a decisão do diretório estadual, que tinha votado e, por maioria, escolhido Cid como novo presidente do PDT no Ceará. Assim, o grupo colocou em pauta a permanência do senador à frente da legenda até 31 de dezembro deste ano, como forma de equacionar a disputa.
Nessa queda de braço, Figueiredo, que tem maioria na executiva, acabou levando a melhor. Lupi, já sob pressão das duas alas, submeteu a intervenção a uma votação nominal. A tese de Ciro e RC foi a vencedora.
Houve apenas uma abstenção (de Rodrigo Lessa) e um voto contrário (do próprio Cid). Os demais foram favoráveis à tutela da célula do PDT-CE à presidência nacional.
Até ontem, o partido não havia indicado o interventor do diretório cearense que irá substituir o ex-governador do Estado à frente dos trabalhos da agremiação.
Ciro e as eleições em Fortaleza
De acordo com um dos convidados do encontro do PDT no Rio, Ciro teria na reunião surpreendido o bloco de Cid, composto de deputados estaduais e federais, além de prefeitos.
Em meio à refrega com o irmão, nas palavras de quem testemunhou o episódio, o ex-presidenciável chegou a prometer: “Vocês vão ver, eu vou ganhar com o Sarto em Fortaleza por cima de todos vocês”.
Dito isso, concluiu a fala e se retirou do local.
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