Elmano começa a dar cara própria ao governo com reforma no secretariado
Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
Elmano começa a dar cara própria ao governo com reforma no secretariado
A alteração no comando de nove postos anunciada ontem indica uma tentativa de redesenhar um Governo que tem dificuldade de avançar com alguns processos
Prestes a completar um ano e meio de administração, Elmano de Freitas (PT) começa a dar uma cara própria ao Governo. Sucessor de Camilo Santana, o petista herdou um rol de nomes mais ligados a outras lideranças do que a ele mesmo, de modo que a gestão, indisfarçavelmente de continuidade, tinha pouco do chefe recém-eleito.
O time de partida, então, era uma montagem entre o técnico e o político, que buscou harmonizar áreas sob influência de aliados, a exemplo de Cid Gomes e de Camilo, incluindo-se os deputados Luizianne Lins e Evandro Leitão. Isso não mudou, mas Elmano passou a ter mais peso na equação.
Note-se que, a esse propósito, seu desafio era maior do que o daqueles que o tinham antecedido no mesmo cargo, ou seja, havia mais pretendentes a uma cadeira no Abolição do que assentos de fato. Daí certo inchaço da máquina, com o qual o petista tenta lidar em meio a críticas de adversários.
A alteração no comando de nove postos anunciada ontem indica uma tentativa de redesenhar um Governo que tem dificuldade de avançar com alguns processos, pondo-lhe um freio de arrumação e agora atendendo às necessidades do titular do Executivo atual, mas sem descurar dos aliados.
Para a Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), por exemplo, Elmano nomeou Alexandre Cialdini, um colega de secretariado à época dos governos Luizianne – e quadro de confiança do governador, além de bastante competente num setor que parecia não ter dito ainda a que viera.
Na Infraestrutura (Seinfra), assumiu Hélio Winston, que substitui Antônio Nei. Embora seja irmão de Evandro, o novo secretário chegou à função mais pelas mãos do dirigente do Republicanos Chiquinho Feitosa, que já tinha sido preterido em suas ambições eleitorais em Tauá.
Já na Superintendência de Obras Públicas (SOP), Quintino Vieira cedeu a cadeira para José Valdeci Rebouças, numa alteração que expõe de novo o sentido da reforma de Elmano. Valdeci, que trabalhou com o petista, é outro desses gestores em cuja eficiência o governador confia.
Para encerrar, a troca na Secretaria da Cultura (Secult), com a saída de Luísa Cela e promoção de Gecíola Fonseca, é uma movimentação já precificada. Quadro técnico da pasta, Gecíola deve dar andamento a políticas implementadas, sem descontinuidades.
Luísa, por sua vez, como a coluna já havia antecipado, é a grande aposta do PSB de Cid para compor a vice de Evandro na corrida pela Prefeitura de Fortaleza.
No geral, Elmano moveu peças orientado por duas necessidades: 1) destravar ações em setores-chave (planejamento e economia), otimizando o trabalho dos auxiliares e apostando em nomes mais próximos, mas preservando os espaços políticos; e 2) reduzir os flancos da gestão mais vulneráveis aos ataques numa campanha que se anuncia mais renhida do que o habitual (SOP, Seplag e SSPDS, sem dúvida) – a esse respeito, convém lembrar que, desde o ano passado, cada uma dessas secretarias esteve sob a mira seja de Ciro Gomes (SOP), seja de Roberto Cláudio (Seplag e Fazenda), seja de José Sarto e de Élcio Batista (SSPDS).
Mesmo com essa reconfiguração, não há grandes derrotados ou lideranças mais prestigiadas na reforma, salvo a cara mais elmanista e camilista no núcleo decisório do governo do petista, confirmada com a substituição de Waldemir Catanho na Articulação.
O governador mexeu no grupo às portas da eleição mais importante dos últimos 20 anos pelo que está em jogo, visivelmente pressionado para que a máquina estadual, vitrine da campanha de Evandro ao Paço, comece a dar resultados concretos nos próximos meses.
Trata-se, assim, de uma reforma tocada sob uma palavra de ordem: urgência.
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