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Audiência no Senado tem boneco de embrião, seringa falsa e "monólogo" de feto
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Audiência no Senado tem boneco de embrião, seringa falsa e "monólogo" de feto

Favorável à medida, Girão exibiu no plenário um dos bonecos de embrião que costuma levar a tiracolo
Senador Eduardo Girão (Foto: Geraldo Magela)
Foto: Geraldo Magela Senador Eduardo Girão

Requerida pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), audiência nesta segunda-feira (17) para discutir assistolia fetal incluiu participações especiais, entre as quais estava a da contadora de histórias Nyedja Gennari.

Sobre o tapete azul da casa legislativa, a “performer” encenou uma espécie de monólogo do feto.

“Não! Não acredito! Essa injeção, essa agulha! Quero continuar vivo. Vai doer muito. Por Deus, eu imploro!”, berrava Gennari à plateia de parlamentares bolsonaristas que acompanhava a sessão.

No ato, a contadora, aplaudida com entusiasmo pela bancada evangélica, assumia a perspectiva de um feto de mais de 22 semanas – patamar fixado pelo PL 1904/24, cuja urgência foi aprovada semana passada na Câmara.

A proposta equipara o aborto depois desse prazo de gestação ao crime de homicídio simples, passível de punição com até 20 anos de prisão – uma pena superior à aplicada ao condenado por estupro.

Favorável à medida, Girão exibiu no plenário um dos bonecos de embrião que costuma levar a tiracolo e oferecer a seus interlocutores como brinde.

Um dos presentes ao debate ainda recorreu a uma seringa falsa, numa alusão ao procedimento abortivo pós-22 semanas, recomendado pela OMS nesses casos – a chamada assistolia fetal.

Foto do Henrique Araújo

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