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Tensão, portas fechadas e "apagão": bastidores da sabatina de Onélia Santana na Alece
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Tensão, portas fechadas e "apagão": bastidores da sabatina de Onélia Santana na Alece

Com acesso restrito e sem transmissão da sessão pela TV Assembleia, o colegiado aprovou sua indicação para conselheira do TCE por 7 votos a 2
Onélia Santana (PT) em sabatina na CCJ da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) (Foto: Fernanda Barros)
Foto: Fernanda Barros Onélia Santana (PT) em sabatina na CCJ da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece)

Por menos de três horas, a secretária Onélia Santana (Proteção Social) foi sabatinada por deputados estaduais que integram a CCJ da Assembleia Legislativa do Ceará nesta quinta-feira, 12.

Com acesso restrito e sem transmissão da sessão pela TV Assembleia, o colegiado aprovou sua indicação para conselheira do TCE por 7 votos a 2. Seu nome vai ao plenário da Casa nesta sexta, 13.

Os votos contrários foram de Sargento Reginauro, do União Brasil, e de Carmelo Neto, do PL.

Os demais, todos da base governista, subscreveram a candidatura de Onélia, que saiu sem dar entrevistas.

Durante a sabatina, houve ao menos três momentos de tensão para além do natural nervosismo da secretária.

O primeiro se deu logo no início, quando foi questionada por Carmelo sobre episódio envolvendo investigação aberta em relação a suspeita de compra de votos por uma assessora, conforme o deputado bolsonarista.

Pelas redes sociais, Carmelo disse que Onélia havia fugido da pergunta. Segundo outro membro da CCJ, porém, a titular da Proteção Social respondeu que tinha “vida limpa”.

A coluna não conseguiu checar a veracidade da reação da postulante porque a imprensa não pode acompanhar a sabatina, nem remota nem presencialmente, tampouco o vídeo da sessão foi disponibilizado até agora pela mesa-diretora. 

Outro ponto de atrito, levantado por Sargento Reginauro, girou em torno da autonomia que Onélia teria, uma vez conduzida ao TCE, para julgar as contas de prefeituras administradas por aliados do governador Elmano de Freitas (PT) e do ministro Camilo Santana, com quem é casada.

Um terceiro princípio de enfrentamento foi protagonizado por De Assis Diniz (PT) e Carmelo Neto, que estava gravando trechos da sessão.

O petista então protestou, mas foi contido por colegas. O parlamentar do PL chegou a compartilhar fragmentos da sabatina em suas contas. 

Onélia ainda foi interpelada sobre o peso que o vínculo com Camilo teria para sua indicação ao cargo de conselheira, que é vitalício, mas minimizou a ponderação ao afirmar que tem uma trajetória pública independentemente do marido.

Para um deputado de oposição, a secretária foi “blindada” do início ao fim do rito, não apenas porque nenhuma indagação mais espinhosa tivesse espaço para ser formulada, mas porque jornalistas foram impedidos de apresentar perguntas à sabatinada ao final do encontro. 

De acordo com essa fonte, a maior parte dos membros da base abriu mão de fazer interrogações à secretária, o que terminou por abreviar o processo, normalmente mais demorado e criterioso.

Foto do Henrique Araújo

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