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Elmano faz reforma política mirando 2026
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Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.

Elmano faz reforma política mirando 2026

As reforma orienta-se para o projeto de tentativa de reeleição, desde já uma realidade para o petista
FORTALEZA, CEARÁ,  BRASIL- 2612.2024: Elmano de Freitas, Governador do Ceará, entrevista exclusiva para OPOVO/CBN. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO) (Foto: AURÉLIO ALVES)
Foto: AURÉLIO ALVES FORTALEZA, CEARÁ, BRASIL- 2612.2024: Elmano de Freitas, Governador do Ceará, entrevista exclusiva para OPOVO/CBN. (Foto: Aurélio Alves/Jornal O POVO)

O governador Elmano de Freitas talvez tenha tentado despistar, mas o princípio que rege a mudança no seu secretariado é fundamentalmente político, salvo uma ou outra exceção. Ou seja, orienta-se para o projeto de tentativa de reeleição, desde já uma realidade para o petista.

Afinal, trata-se de uma dança das cadeiras que afeta 13 postos, é verdade, mas o grosso da reforma se dá pela necessidade do Abolição de ajustar sua máquina para o cenário pós-eleições de 2024. Isso inclui ampliar espaços de aliados e reduzir o de outros, acomodar mais nomes vinculados a algumas lideranças do que a outras.

É do jogo partidário. Daí que o redesenho da estrutura do primeiro escalão se resuma basicamente a três elementos: fortalecimento do PSD e de Domingos Filho; reaproximação entre Elmano e o senador Cid Gomes (PSB) a partir da indicação de quadros próximos do ex-governador para compor a equipe; e a remontagem do núcleo decisório da gestão sob chave mais "camilista", com o deslocamento da dupla Max Quintino (Pecém) / Waldemir Catanho (Detran) e o embarque de Chagas Vieira (Casa Civil) e o remanejamento de Nelson Martins (Articulação).

Abolição: novo mapa do poder

A rigor, então, o governador redistribuiu o poder entre aliados cujas forças se atualizaram no último pleito. É o caso de Domingos, dirigente do PSD e pai de Gabriella Aguiar (vice-prefeita eleita), mas também o de Cid, que, mesmo não sendo mais o grande artífice do bloco (hoje esse papel é de Camilo Santana), ainda é muito influente para ser deixado de lado.

Some-se a isso o protagonismo da vice-governadora Jade Romero (MDB), que chega a uma vitaminada Secretaria de Proteção Social (SPS) parte em razão do capital que acumulou neste ano (na defesa de Evandro Leitão para o Paço e de Onélia Santana para o TCE), parte pela relevância de Eunício Oliveira no conjunto de membros do arco de sustentação.

Eis, portanto, as grandes novidades do freio de arrumação de Elmano: consolidar os laços com essas figuras de peso ("amarrar", como se diz no jargão), vacinando-se contra qualquer hipótese de descontentamento (já manifestada por Cid) que possa atrapalhar o andamento da campanha de logo mais; e potencializar as atribuições de Jade, que passa ao comando de uma "super-pasta" cujo guarda-chuva contempla os principais projetos na área social do governo de Elmano.

A marca de Camilo

Não há dúvida, porém, de que a condição de possibilidade da reforma se assenta numa alteração que a antecedeu, que é a reformulação na Casa Civil. Nomeadamente, o retorno do "chaguismo" ao Abolição, para usar termo cunhado por colega para se referir a essa projeção mais expressiva do gestor do Executivo nas redes, mantendo diálogo aberto e em todos os canais disponíveis e operando sob a lógica da agenda positiva. Funcionou lá atrás - num contexto muito específico, o da pandemia.

Não se sabe como será com Elmano. Dito isso, convém observar que o eixo estratégico da administração foi refeito à imagem de Camilo, a despeito da participação de um ou outro ator mais ligado ao atual governador do Estado.

O diagnóstico de Evandro

O prefeito eleito de Fortaleza divulga hoje uma prévia do diagnóstico elaborado pelo grupo de transição, coordenado pela vice Gabriella Aguiar (PSD). De antemão, sabe-se que o documento irá enfatizar deficiências graves no setor da saúde e da limpeza urbana em Fortaleza, além de problemas ocasionais em contratações e mesmo em indicações aparentemente normais.

Finalmente, o trabalho deve apontar risco de comprometimento fiscal para o próximo ano, com possibilidade de dificultar a execução de algumas ações. A quatro dias do fim do mandato de José Sarto (PDT), a fotografia revelada pelo time de Evandro certamente vai elevar o grau de azedume entre as partes.

 

Foto do Henrique Araújo

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