Henrique Araújo é jornalista e doutorando em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com mestrado em Sociologia (UFC) e em Literatura Comparada (UFC). Cronista do O POVO, escreve às quartas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades, editor-adjunto de Política e repórter especial. Mantém uma coluna sobre bastidores da política publicada às segundas, quintas e sextas-feiras.
A intenção do petista é evitar dissonâncias na postura dos titulares das pastas, adotando um eixo de ação que oriente os auxiliares na largada dos trabalhos
O prefeito eleito Evandro Leitão (PT) reúne hoje o secretariado pela primeira vez, num encontro estratégico no Paço para definir metas comuns e estreitar os discursos de olho nos 100 dias iniciais da sua gestão. A intenção do petista é evitar dissonâncias na postura dos titulares das pastas, adotando um eixo de ação que oriente os auxiliares na largada dos trabalhos.
O novo chefe do Executivo também irá pedir a cada secretário e secretária um diagnóstico mais detalhado das condições nas quais encontraram as áreas sob sua responsabilidade, de modo a subsidiar o prefeito para que esteja a par do cenário mais geral.
Finalmente, Evandro espera ainda que os/as comandantes de equipamentos, órgãos ou secretarias tenham presença assegurada nas ruas, mantendo contato efetivo com a população de Fortaleza. Essa é, aliás, uma diretriz válida não somente para o governo da capital cearense, mas para o estadual, sob condução de Elmano de Freitas (PT).
Desde a reforma administrativa, o chefe do Abolição vem alterando a rotina, investindo mais na comunicação direta com os cidadãos e estimulando o secretariado a prestar contas publicamente do que vem fazendo à frente de seus setores. O objetivo é que Governo e Prefeitura estejam em sintonia a partir de agora, partilhando mais que legendas de apoiadores, mas sobretudo uma linguagem que possa ser identificada como a marca do grupo.
O espaço da oposição
Desde a montagem do secretariado, Evandro tenta reduzir a margem de atuação de opositores, alargando as fronteiras políticas do seu governo a ponto de incorporar colaboradores dos ex-prefeitos pedetistas Roberto Cláudio e José Sarto e adversários declarados na campanha ainda recente de 2024.
O movimento, obviamente, tem a dupla finalidade de abrir caminho na Câmara, pavimentando uma maioria confortável (32 vereadores governistas, pelas contas de hoje) para que o gestor trabalhe sem dificuldades no Legislativo; e ir tornando mais amigável o horizonte da disputa de 2026 em Fortaleza, cujo eleitorado acabou por fazer de Capitão Wagner (União Brasil) o nome mais votado em 2022 na corrida pelo Governo do Estado, a despeito da presença de RC e de um representante do bloco de Camilo Santana (PT) entre os postulantes.
De olho no União Brasil
Titular da Secretaria Regional 10, o vereador Márcio Martins (União Brasil) consultou Wagner antes de aceitar o convite de Evandro para compor o governo, mas foi uma costura de Roberto Pessoa (União) que garantiu a ida do parlamentar para a administração do petista. Atual prefeito de Maracanaú, Pessoa é hoje muito mais próximo do governismo do que da oposição, mantendo boa relação com o governador Elmano e o ministro Camilo, ambos do mesmo partido do presidente Lula.
Da bancada parlamentar da sigla, uma parcela considerável já integra a base do Abolição e do Planalto - o União detém três ministérios. Entrou no cálculo ainda a suplência de Martins, cuja vaga na Câmara será ocupada por Renê Pessoa, neto do chefe do Executivo de Maracanaú.
Sarto sai de cena
A despedida de Sarto do Palácio do Bispo abre uma incógnita sobre o futuro do seu grupo político e da oposição em sentido lato. Afinal, há condições de permanência de RC no PDT? Se sim, em que circunstâncias? Se não, para onde os aliados de Ciro Gomes devem ir, União Brasil ou PSDB? Élcio Batista, dirigente tucano e ex-vice-prefeito de Fortaleza, tem pretensões de antagonizar com Evandro em nível local?
Desde a vitória do gestor petista nas urnas, seus principais adversários tomaram "chá de sumiço": licenciado do mandato, André Fernandes (PL) saiu de férias por tempo indeterminado; RC também não tem sido visto, salvo ocasionalmente, assim como Wagner, que deve reassumir função pública em breve; a oposição pedetista se dissolveu no mar de governismo; Eduardo Girão (Novo) tende ao histriônico; e os demais candidatos à Prefeitura em 2024 tinham papel mais cenográfico (um deles, George Lima, é agora secretário do Paço).
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